Tarso Genro lava as mãos em relação ao mensalão

Em entrevista, governador gaúcho diz que as condenações de José Dirceu e José Genoino foram injustas, mas defende que o partido esgote a "agenda da solidariedade"; seria o caso então de entregar dois nomes que ele próprio considera inocentes à multidão, agindo à la Pôncio Pilatos?

Tarso Genro lava as mãos em relação ao mensalão
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247 - O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, costuma ser tratado, pelo diretório nacional do Partido dos Trabalhadores, como um "petista fora da casinha". É independente, diz o que pensa e quase nunca segue a linha do comando central. Prova disso é a sua entrevista nesta sexta-feira, na Folha de S. Paulo. Segundo ele, o PT deve esgotar a "agenda da solidariedade" em relação ao mensalão, ainda que ele considere injustas as condenações de José Dirceu e José Genoino.

Em relação a outros réus, como Delúbio Soares, um "réu confesso", segundo o governador, ele não vê injustiça alguma, nem na dosimetria da pena. Detalhe: recursos levantados por Delúbio ajudaram a pagar as despesas de campanha de Tarso Genro em 2002, ano em que ele concorreu ao governo gaúcho e perdeu para Germano Rigotto, do PMDB.

Segundo Tarso Genro, a Ação Penal 470 foi influenciada pelo prejulgamento da mídia, mas não há mais nada a fazer. Ou seja, é hora de lavar as mãos. Confira trechos do seu depoimento à Folha:

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A decisão do Supremo Tribunal Federal

"O Supremo tomou posições porque achou correto tomá-las. Mas, na democracia, os efeitos políticos sobre as instituições são sempre importantes. Houve uma pressão política muito forte, e ele acolheu por livre e espontânea vontade. Não precisaria ter acolhido: nenhum ministro seria cassado como no regime militar."

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Pressão da mídia

"O que houve foi que transitou por dentro da mídia um prejulgamento, que incriminou todos os réus antes. Isso fez com que o Supremo buscasse fundamentar a condenação através de uma teoria que permitisse a condenação sem provas suficientes."

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Condenações justas e injustas

"A ampla maioria das condenações foi adequada. Um exemplo: Delúbio [Soares]. Ele era réu confesso, é natural que fosse condenado. Eu me refiro às condenações de dirigentes do PT como Genoino e Dirceu. Independentemente das responsabilidades que tiveram de natureza política, do ponto de vista criminal não ficou provado."

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Atrito entre STF e Câmara

"É um atrito normal da conjuntura democrática que estamos vivendo. O Legislativo tem sido bastante omisso ao decidir algumas questões essenciais para o país. E esse espaço em branco determina um avanço na posição vanguardista no Supremo."

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Refundação do PT

"O partido tem que se atualizar profundamente em relação aos métodos de direção, ao seu programa de governo. É o que defendemos para que o PT retorne às suas origens. (…) Nossa agenda não pode ser ficar a vida inteira explicando a ação penal 470 [o mensalão]. E nem uma agenda que seja predominantemente de solidariedade aos companheiros condenados. Eles têm de ter a solidariedade devida em função de um julgamento sem provas, mas é uma agenda que o partido tem de esgotar."

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