Josias de Souza: PDT balança entre Dilma e Campos

Presidente do partido, ex-ministro Carlos Lupi tornou-se "governista de dois gumes", que negocia com a presidente ao mesmo tempo em que flerta com o candidato do PSB, avalia o colunista da Folha

Josias de Souza: PDT balança entre Dilma e Campos
Josias de Souza: PDT balança entre Dilma e Campos


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247 - Manter o PDT na minirreforma ministerial não será suficiente para a presidente Dilma garantir o apoio do partido em sua campanha à reeleição, no ano que vem. Afinal, o atual presidente da legenda, Carlos Lupi, caminha do lado oposto do ministro do Trabalho, Brizola Neto, em tese o representante da sigla no Planalto. 

Para o colunista da Folha Josias de Souza, Lupi é um "governista de dois gumes". Ao mesmo tempo que negocia com Dilma, flerta com o PSB de Eduardo Campos, atento à novidade que veio de Pernambuco. Como se não bastasse, o ex-ministro "sempre teve diálogo fácil com Aécio, cujo governo o PDT também compartilhou", conclui.

Leia abaixo a íntegra de seu artigo, publicado no Blog do Josias:

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PDT já balança entre Dilma e Eduardo Campos

Dilma Rousseff joga na reforma ministerial de 2013 a sorte da coligação de 2014. A chance de perder aliados cresce na proporção direta da sua capacidade de colecionar desafetos. Sócio de médio porte do condomínio governista, o PDT já oscila entre Dilma e o neopresidenciável Eduardo Campos.

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Presidente do PDT federal, Carlos Lupi tornou-se um governista de dois gumes. Negocia com Dilma ao mesmo tempo em que flerta com o PSB de Campos. Longe dos refletores, informa que, desatendido por uma, não deixará de considerar a hipótese de associar-se ao outro.

Para Dilma, o PDT está representado na Esplanada pelo deputado Brizola Neto, ministro do Trabalho. Expurgado dessa pasta na pseudofaxina de 2011, Lupi discorda. Alega que o neto de Leonel Brizola virou ministro por vontade de Dilma, não por indicação do partido. Quer manter o ministério. Mas com outro ministro.

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Além da fisiologia de Lupi, um pedaço do PDT nutre simpatias por Eduardo Campos por razões menos inconfessáveis. Parte da legenda enxerga no governador pernambucano uma alternativa à hegemonia exercida por PT e PMDB.

Lupi esteve com Dilma antes do Carnaval. Na sequência, veiculou-se na rede de comunicação do partido na internet um texto com o seguinte teor: na reforma ministerial, Brizola Neto deixará o ministério. Para o lugar dele, Dilma nomeará o deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), afinado com Lupi. Um parlamentar da legenda tocou para o celular de Lupi. Deu caixa postal.

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Dois senadores do PDT, Pedro Taques (MT) e Cristovam Buarque (DF), apressaram-se em veicular na mesma rede eletrônica do partido uma resposta ao suposto acordo: "Achamos um erro o PDT ficar amarrado por um ministério no lugar de ser independente", anotaram.

Na frase seguinte, Taques e Cristovam desceram ao ponto: "Não vamos ser oposição pela direita, mas não podemos perder nossa identidade, nossa busca por um projeto alternativo para o Brasil." Recordam que se opuseram à ida de Lupi para a pasta do Trabalho e à substituição por Brizola Neto.

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Agora, acrescentam os senadores, discordam mais ainda da ideia de substituir o substituto por alguém ligado ao antecessor, "mesmo que seja um grande e respeitável quadro como Vieira da Cunha". Insinuam que Dilma não conseguirá unificar o PDT a golpes de caneta. "Se a presidente Dilma acha que vai pacificar o PDT está errada. Nossa posição deve ser de independência pela esquerda."

As cornetas do PDT soam num instante em que o partido se prepara para uma convenção nacional, a realizar-se em março. Lupi sinaliza para Dilma que o Diário Oficial precisa dizer alguma coisa antes desse encontro.

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Como que decidido a mostrar ao Planalto que há na praça quem o valorize, o PDT acaba de aceitar uma secretaria no governo do tucano Antonio Anastasia, em Minas Gerais. Na quarta-feira (6) da semana passada, dois dias antes da conversa de Lupi com Dilma, o afilhado político do presidenciável Aécio Neves acomodou na poltrona de secretário do Trabalho e Emprego o deputado federal Zé Silva (PDT-MG).

Lupi sempre teve diálogo fácil com Aécio, cujo governo o PDT também compartilhou. A exemplo de Eduardo Campos, o rival tucano de Dilma acalenta a expectativa de atrair o PDT para o seu projeto presidencial. Quem conhece Lupi não descarta a hipótese de desenvolver-se nele um terceiro gume. Hoje, porém, a nata da legenda fareja um interesse crescente pela novidade de Pernambuco.

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