"Não tem nada definido em relação à candidatura de João em 2014", diz Machado

No entanto, vice-prefeito de Aracaju dá a entender que escolha pelo seu nome faz parte de um projeto do prefeito em disputar o pleito do próximo ano; na entrevista ao Sergipe 247, Machado nega entendimento político entre DEM e PT, mas diz que não é algo completamente descartado, assim também como rende elogios a Edivan Amorim e ressalta que é possível uma aliança com o PSC; vice-prefeito reafirma dívidas deixadas por Edvaldo e faz balanço dos 60 dias da nova administração

"Não tem nada definido em relação à candidatura de João em 2014", diz Machado
"Não tem nada definido em relação à candidatura de João em 2014", diz Machado


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Valter Lima, do Sergipe 247 – O vice-prefeito de Aracaju, José Carlos Machado (PSDB) é um político muito habilidoso. E isto ficou ainda mais comprovado na entrevista que concedeu ao Sergipe 247 no final da tarde desta sexta-feira (1º), na sede do partido, na capital. Como um vice extremamente afinado com o titular da gestão, Machado rendeu uma série de elogios ao novo prefeito, que, segundo ele, produzirá um mandato que o cacifará como o melhor administrador de Aracaju dos últimos 40 anos. 

Ao fazer um balanço do primeiro bimestre de João Alves Filho (DEM) na prefeitura, Machado reafirmou os problemas financeiros deixados por Edvaldo Nogueira, a quem elogiou apenas pelo Plano de Mobilidade Urbana, que construiu para a cidade. Afora isso, o vice reconheceu uma série de dificuldades para viabilizar a capital, mas não ficou chorando tragédias. Disse que do bom entendimento entre João e os Governos Estadual e Federal e de uma boa dose de criatividade, o novo prefeito conseguirá fazer uma administração exitosa, “porque foi para isso que o povo o escolheu, independentemente do cofre da prefeitura estar abarrotado ou esvaziado”.

Sobre o pleito de 2014, Machado plantou dúvidas: disse que João poderá ter papel primordial, mas não ousou garantir que o demista será realmente candidato, como tem sido especulado. Em relação a uma aliança política com o PT, o vice disse ser muito difícil que isso ocorra, mas não descartou totalmente. Quanto a um acordo com os Amorim, o tucano falou apenas que “tudo é possível”.

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Já ao final da entrevista, Machado, ao ser novamente questionado, sobre João deixar a prefeitura para concorrer ao Governo, ele optou por uma resposta repleta de significados: “todo passo político tem coisas que transparecem e outras não. Vamos analisar o caso de Salvador: ACM Neto é prefeito, ao lado dele tem uma vice. Se você olha para ele, você avalia que ele não pode deixar a prefeitura. Aqui em Aracaju, tem João e ao lado dele, estou eu. Qualquer analista diz: “João, se quiser, pode deixar a prefeitura”, mas não tem nada definido com relação à candidatura de João a 2014”. Será mesmo?

Sergipe 247 – Nesta sexta-feira (1º), a nova administração da prefeitura de Aracaju completa 60 dias. Que balanço o senhor faz deste período?
José Carlos Machado – Claro que eu me sentiria muito mais confortável se eu disse que está tudo a mil maravilhas, mas não. Todo começo é difícil, principalmente, quando, como todos sabemos, costumes de 28 anos, período que o grupo que administrou a prefeitura ficou no comando, muitas coisas viram normas, regras, e mudar não é fácil. O que me anima nestes primeiros dias é a disposição do prefeito, é o elevado espírito público e o elevado amor que ele tem pela população de Aracaju. E ele tem dito: “eu não fiz promessas, eu assumi compromissos com o povo”. E as coisas já começam a acontecer. Hoje [sexta-feira, 1º], ele já anunciou uma série de medidas que, de forma precisa, já melhora a vida da população de Aracaju, mas os desafios são enormes, como o problema da Saúde. É justo que um pobre enfrente uma fila, depois de quatro horas, marca uma ficha para 15 dias, enquanto os exames são para mais de 30 dias depois. Isso é o principal desafio. Tem também o transporte, que João precisa ter disposição e coragem para resolver, que eu sei que ele tem, mas precisamos ser essencialmente criativos. Outra simples ação, mas que pode ter um grande efeito, é a realização dos mutirões nos bairros, que começam neste sábado. É um conjunto de soluções simples para problemas complexos. Mas temos ainda outros desafios como Segurança, Educação. Estou animado, embora saiba das dificuldades, porque precisamos de recursos.

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Sergipe 247 – E como está essa questão dos recursos? Havia realmente os problemas com as dívidas deixadas pela administração anterior?
JCM – Claro que as dívidas existem. Nilson fala de uma coisa e Edvaldo fala de outro. O ex-prefeito diz que deixou recursos em caixa, mas são recursos vinculados, de convênios e empréstimos. Não resolve os pagamentos da Multserv, do Hospital Cirurgia, do Santa Isabel, da Torre. Eu até gostaria que Nilson estivesse profundamente equivocado. O que seria bom para João era encontrar os cofres realmente abarrotados de recursos da fonte 00, que é o dinheiro que paga o custeio e os fornecedores. O dinheiro que Edvaldo deixou foi insignificante. Na Saúde, a dívida é superior a R$ 50 milhões. Mas a realidade é essa e não se pode fugir dela. Reclamar adianta? O povo colocou João para assumir, independentemente de encontrar os cofres abarrotados ou esvaziados, para resolver os problemas de Aracaju. Então, hoje já sabemos quais são os principais problemas de Aracaju e teremos que usar da criatividade e dedicação para encontrar soluções, porque o povo quer isso.

Sergipe 247 – O senhor citou algumas áreas que são prioritárias como Saúde, Transporte...
JCM – A questão da mobilidade é muito grave. Não se consegue andar em Aracaju, é um caos, é um sinal atrás do outro, desregulados. E por causa de quê? O diagnóstico é fácil: o sistema viário de Aracaju hoje é o mesmo de 30 anos atrás, só que o número de carros multiplicou por dez ou quinze. O que se fez nos últimos anos? Pouco ou quase nada. A Avenida São Paulo? Para quê? Ela corre paralela a Maranhão, que foi João quem fez. Veja a quantidade de carro que passa na Maranhão e compare com a São Paulo – nesta última é inferior dez vezes, no mínimo. E o que mais fizeram?

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Sergipe 247 – Sendo estas as condições, dá para resolver o problema da falta de mobilidade em Aracaju?
JCM – Dá sim. Primeiro, dá mais agilidade ao ônibus e entender que em uma cidade moderna, de qualidade de vida, o cidadão deixa o carro em casa para pegar o transporte coletivo? Nós vamos chegar neste ponto? É difícil, mas o transporte público terá que, necessariamente, melhorar. Eu fiz algumas críticas ao ex-prefeito, mas preciso reconhecer que ele deixou um projeto de mobilidade muito bom, com as negociações já iniciadas com o Ministério das Cidades e se tudo der certo, a prefeitura estará habilitada para tomar empréstimo para fazer intervenções na área de mobilidade no valor de R$ 108 milhões. E temos ainda outras prioridades, como a educação e a geração de emprego. João está com um programa extremamente arrojado para a área do emprego. Temos que atacar de frente estas questões, mas é preciso recursos. Veja que o que está sendo discutido nos primeiros dias é a redução de impostos para hospitais, clínicas, para empresas de TI. Nós entendemos tudo isso, mas o que fazer? Criar novos impostos não pode. Se a prefeitura reduz impostos, é preciso criar receitas para substituir. Então fica diante do administrador a decisão: ele só terá sucesso se souber distinguir o importante do fundamental.

Sergipe 247 – A busca de relações mais harmônicas com os Governos do Estado e Federal é um caminho para buscar recursos?
JCM – Isso faz parte de uma coisa própria do ser humana, embora poucos gostem de cultivar isso, que é o bom relacionamento. Onde está a sede do Governo de Sergipe? Em Aracaju. Então, a primeira coisa que fiz como chefe da transição foi procurar o Governo para saber o que eles têm para fazer em Aracaju, não para criar problemas, mas para nos somarmos. Ao invés de fazer a duas mãos, fazer a quatro. Isso se impõe necessário. O que João fez? Visitou o prefeito Edvaldo, procurou o governador Déda e a presidente Dilma. Os desafios são tantos que é preciso, necessariamente, este relacionamento.

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Sergipe 247 – A resposta foi positiva?
JCM – As conversas que tivemos com o governador foram excelentes. Não conversamos absolutamente em nenhum momento sobre política. Só falamos sobre as demandas de Aracaju que são crescentes e sozinhos não podemos resolver. Precisamos contar com o Governo Estadual e com o Governo Federal. Eu estou contando das conversas que tivemos eu, João e o governador. Foram extraordinárias. A conversa com a presidente, eu não vi, mas João me relatou, que ele estava extremamente satisfeito e me parece que os gestos de Dilma após essa conversa para Aracaju é um prova inequívoca de que foi excelente.

Sergipe 247 – Mas já há projetos prontos e encaminhados?
JCM – Claro. João deverá anunciar umas obras que dependem de recursos federais. João se encontrou com o ministro do Turismo, que é uma pessoa muito ligada a Sarney e conhecia João e se colocou à disposição, bem como o vice-presidente do Banco do Brasil que disse que tinha um recurso para equipar a Guarda Municipal. As coisas estão andando bem. No ano passado, quando fazíamos a transição, na discussão do orçamento 2013, tivemos um encontro com a bancada federal de Sergipe e conseguimos que os recursos para Aracaju aumentassem de R$ 39 milhões no ano passado para R$ 79 milhões neste ano. Vamos conseguir a liberação deste recurso? Torço para que sim, pois João sabe que a principal forma de obter recursos do Governo Federal é dispor de bons projetos. Eu lembro que o ministro do Turismo disse a João que se já tivesse algum projeto para a área, ele poderia ajudar. Pois então, João já está com dois projetos quase prontos: é o estacionamento em uma estrutura em balanço sobre o Rio Sergipe e a reforma da Orlinha da Praia da Atalaia. Dilma foi muito gentil com ele. Ao se despedir, ela disse: “eu sei que o senhor fará uma boa administração, mas eu quero ajudá-lo, então dá um pulinho lá no Planalto”. Isso é um gesto muito importante. Quando ela era ministra e ele governador, eles tinham um excelente relacionamento e que continue, porque o que está em jogo é o futuro de Aracaju. Os desafios são enormes, todo lugar é problema. São mais de 20 mil habitações em condições sub-humanas, o que equivale a 80 mil pessoas. O município precisa cuidar dessas pessoas, ajudar para que elas consigam a casa própria. Temos que cuidar dos pobres.

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Sergipe 247– Quatro anos são suficientes para desenvolver as ações dessa administração que os senhores planejam?
JCM – Na campanha, quando me perguntavam se João ia se eleger para governar por quatro anos ou por dois anos, eu dizia: “olha, quatro anos são poucos para equacionar os problemas de Aracaju. Talvez, seja necessário, depois de quatro, ele tentar a reeleição. Aí, seriam oito anos”.

Sergipe 247 – Mas hoje já se fala na possibilidade de João ser candidato a governador no ano que vem.
JCM – Me perguntaram isso há um mês e eu respondi: “não se pode falar em sucessão sem lembrar do nome de João Alves, que foi o grande vencedor das eleições de 2012”. Se pergunto a João se ele é candidato, ele responde: “sou...candidato a ser o melhor prefeito de Aracaju dos últimos quarenta anos”. Isso é o que ele fala. Agora o que vai acontecer em 2014, eu não sei. Ele é um nome forte para 2014, sendo ou não candidato. Quem não quer o apoio de João?

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Sergipe 247 – Mas pelo que o senhor conhece dele, do tempo de amizade, acha o quê?
JCM – Essa candidatura dele de 2012 que parecia uma coisa simples de ser definida, João só resolveu no dia da convenção, em 30 de junho. Então essa questão de ser ou não candidato em 2014, ninguém vai arrancar da boca dele antes de 30 de junho do próximo ano.

Sergipe 247 – E como o senhor avalia essas especulações de uma aliança entre DEM e PT?
JCM – Isso surgiu, naturalmente, do relacionamento institucional entre ele, prefeito, e Déda, governador, mas em todas as conversas – e eu estava ao lado deles – jamais se falou de aliança política. Um entendimento do PT com o DEM pode ocorrer? Pode, mas é muito difícil, porque o PT em uma aliança com o PMDB vai ter um candidato a presidente, e o DEM com o PSDB ou com o PSB ou com o PPS vai ter outro candidato. Agrupamentos com candidatos diferentes a presidente da República dificilmente se aliam nos Estados. Essa é uma análise que eu faço, mas não estou dizendo que há impedimento nenhum. Há casos de aliança entre DEM e PT em alguns lugares. São pontuais, mas já começam a existir, mas aqui eu ainda acho muito difícil.

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Sergipe 247 – Qual o papel que o senhor pretende desempenhar como vice-prefeito?
JCM – O papel estabelecido pela Constituição. E o que ela diz? Substituir o prefeito nos seus impedimentos, nas suas vacâncias. Mas, diante da extrema afinidade que tenho com João, estou aqui para colaborar no que ele precisar. É só me convocar.

Sergipe 247 – E ele tem convocado?
JCM – Tem. Diariamente. Tenho participado de quase todas as decisões. Ele me consulta, nós conversamos. Afinal de contas, é um relacionamento político de 38 anos, de muita concordância, profundas divergências, mas João, entre todos – e eu já convivi com Albano no Governo, Valadares também, acompanhei os seis anos de Déda – é o que mais tem espírito público, é o mais empreendedor e tem uma profunda preocupação com o futuro de Sergipe. E isso vale para Aracaju.

Sergipe 247 – Como o senhor vê hoje a ação do grupo dos Amorim em Sergipe? O senhor acredita em uma relação com o DEM e PSDB?
JCM – Tudo é possível. Eu não posso desconhecer o papel que o grupo de Amorim tem na política de Sergipe. É forte, sob o comando de Edivan Amorim, político organizado, que planeja bem, atencioso. Mas o fato é que ele hoje tem o comando da Assembleia, elegeu um grande número de prefeitos e apesar de não dizer todo Sergipe sabe que Eduardo é candidato a governador. Ele coloca isso com muita clareza, embora não diga. E o quadro político de 2014 como irá se definir? Eu, realmente não sei. Candidatos postos têm Jackson Barreto e Eduardo Amorim. O caminho que João vai seguir, eu ainda não sei.

Sergipe 247 – Mas o senhor enxerga João sendo coadjuvante na próxima eleição?
JCM – Eu não sei. Sou suspeito, porque costumo receber muitas comunicações de amigos do Twitter, que afirmam que o principal beneficiado se João for candidato sou eu, que sou vice-prefeito e vou assumir a prefeitura. Eu não tenho projeto individual, porque eu não acredito em projeto individual. Só acredito em projeto coletivo. Tenho dito a meus colegas que assumiram agora que as coisas só funcionam se o espírito de equipe prevalecer.

Sergipe 247 – O deputado federal Mendonça Prado (DEM) afirmou nesta semana ao Sergipe 247 que se João for candidato a Governo não haverá alteração no projeto dele para Aracaju, porque há uma unidade de pensamento na equipe. O senhor pensa assim também?
JCM – Veja bem: tenho Mendonça como um dos políticos mais preparados de Sergipe. E esse conceito é o mesmo dentro dos quadros do DEM e na Câmara Federal. Não é só Sergipe quem reconhece o trabalho dele, mas boa parte do Brasil, pelas posições corajosas que ele tem tomado. Agora, todo passo político tem coisas que transparecem e outras não. Vamos analisar o caso de Salvador: ACM Neto é prefeito, ao lado dele tem uma vice. Se você olha para ele, você avalia que ele não pode deixar a prefeitura. Aqui em Aracaju, tem João e ao lado dele, estou eu. Qualquer analista diz: “João, se quiser, pode deixar a prefeitura”. Essa é a análise que eu faço. Durante todo o processo, na formação das alianças, tentaram por todos os meios impor um vice que não fosse eu, mas João reagiu. E eu disse para ele: “se for bom para você, não se preocupa com isso. Eu não tenho projeto individual. O senhor sendo prefeito, se eu for vice, tudo bem, mas se eu não puder, vou ajudar de outra maneira”. Mas ele bateu o pé. E João é prefeito e eu sou vice. É isso que Mendonça quis dizer, com outras palavras, mas lhe asseguro, com muita tranquilidade, não tem nada definido com relação à candidatura de João a 2014.

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