Ameaças à Folha são ameaças a toda a imprensa

"Um dos meios de controlar a imprensa é cortar verbas publicitárias do governo – o que ele já disse que fará. Ora, como já se dizia no século 20, imprensa é oposição – o resto é perfumaria. Jornal que não critica governo vira quitanda. E fecha", critica o colunista Alex Solnik, em referência ao novo governo, de Jair Bolsonaro (PSL), alertando para "o grande perigo de um presidente populista que têm à disposição os meios de comunicação mais sofisticados e mais poderosos que seus antecessores jamais tiveram"; "Quando um populista ameaça a Folha de extinção está ameaçando toda a imprensa. E qualquer ameaça à liberdade de imprensa é ameaça à democracia"

Ameaças à Folha são ameaças a toda a imprensa
Ameaças à Folha são ameaças a toda a imprensa (Foto: Adriano Machado - Reuters)


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Eu também já fiquei de mal com a Folha. Num determinado momento de 2016 cancelei minha assinatura em protesto contra as manchetes distorcidas e favoráveis ao impeachment da presidente Dilma e aos vazamentos seletivos da Lava Jato. Reclamei com a telefonista. Bati o telefone na cara dela. Deixei de ler o jornal.

Mas agora o caso é outro. Temos pela primeira vez na história do Brasil um presidente eleito que se diz explicitamente de direita – na verdade, é de extrema-direita, pois simpatiza com o nazismo - e promete promover uma agenda de redução de liberdades e de direitos, tal qual governantes de direita de outros países têm feito. É a maior ameaça à liberdade dos brasileiros desde 1964.

A primeira preocupação de alguém com o seu perfil é impedir críticas de qualquer espécie. A sua autoridade não pode ser contestada. Ninguém pode ter dúvida acerca da correção dos seus atos. Por isso ele cria seu próprio meio de comunicação – o twitter. E por isso ele tenta manter a imprensa sob controle.

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Um dos meios de controlar a imprensa é cortar verbas publicitárias do governo – o que ele já disse que fará. Ora, como já se dizia no século 20, imprensa é oposição – o resto é perfumaria. Jornal que não critica governo vira quitanda. E fecha.

O capitão eleito já aponta o seu dedo contra um dos jornais que têm feito reportagens que o colocam em maus lençóis e afirma claramente que vai tentar asfixiá-lo economicamente. É a Folha.

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A sua ameaça não pode ser desprezada. Além de controlar as verbas oficiais ele também possui meios para pressionar empresários amigos a também deixarem de anunciar na Folha e estimular seus seguidores a boicotarem o jornal. A cancelarem assinaturas. Ele pode, de fato, destruir a Folha. E o jornal ou emissora de TV que quiser.

Esse é o grande perigo de um presidente populista que têm à disposição os meios de comunicação mais sofisticados e mais poderosos que seus antecessores jamais tiveram.

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Além de me solidarizar à Folha, me pergunto se já não está na hora de derrubarmos o muro que se ergueu entre nós, "imprensa progressista" e o que chamamos de PIG.

Imprensa é imprensa – no papel, no vídeo ou na internet. Não há grande nem pequena, não há pior nem melhor. Em vez de brigarmos entre nós deveríamos nos unir contra aquele que almeja nos destruir.

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Quando um populista ameaça a Folha de extinção está ameaçando toda a imprensa. E qualquer ameaça à liberdade de imprensa é ameaça à democracia.

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