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João Koatz Miragaya

Mestre em História pela Universidade de Tel Aviv, colaborador do Instituto Brasil-Israel e podcaster em "O Lado Esquerdo do Muro".

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Jornal desmascarou “a farsa sionista”?

É muito desgastante lidar diretamente com uma realidade tão cruel, e ainda sentir-se obrigado a desconstruir uma realidade paralela

(Foto: Reuters/Lisi Niesner)

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Foi realizada uma investigação preliminar pela Polícia israelense que indicou que alguns participantes da rave no dia 7 de outubro foram mortos por disparos de um helicóptero de combate israelense. O jornal Haaretz divulgou a informação.

No entanto, o que a reportagem mostra está longe de provar “uma farsa”. 

A matéria do jornalista Josh Breiner, na verdade, não traz novidades sobre este tema. Os próprios pilotos do helicóptero admitiram, há cerca de 10 dias, que não conseguiram diferenciar entre terroristas e civis, e temiam ter matado civis quando tentavam neutralizar os ataques do Hamas.

Não há indícios de que tenha havido mais de helicóptero além do investigado, que agiu em um local, em um momento específico. A matéria fala em "alguns mortos", não "muitos", menos ainda em "maioria dos mortos". Foram mais de 360 mortos na rave, em diversos momentos, em circunstâncias distintas. 

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Diferenciar entre civis e terroristas é uma tarefa difícil, sobretudo quando ambos estão correndo trajados como civis. Ainda assim, absolutamente nenhuma fonte aponta qualquer quantidade de vítimas civis deste helicóptero. Mas os relatos dos pilotos juntos aos dos sobreviventes e dos próprios prisioneiros do Hamas não nos apontam para um alto número de atingidos por estes disparos. Ainda não se sabe ao certo quantos são.

Insinuar que um grande número de israelenses foi morto por suas próprias forças (dando a entender que tenha sido proposital), não é o mais tosco na nota divulgada. Soa inacreditável que jornalistas citem uma investigação da Polícia israelense, divulgada pela mídia israelense, para acusar uma "farsa sionista". O raciocínio é tão estúpido que não cabe na própria narrativa. É o rabo girando o cachorro. Seriam as instituições do Estado sionista desnudando a farsa sionista. A Polícia, em especial, comandada pelo ministro mais extremista de um governo já extremista. Nada faz sentido nessa alegação conspiratória.

A alegação é, antes de tudo, negacionista. Acusa Israel de cometer os crimes do Hamas, pois este é legítimo, aquele não. O objetivo claramente é o de higienizar o Hamas, simplesmente para se adequar à narrativa que deslegitima o Estado de Israel como um todo. Nada do que venha de Israel pode ser crível, e se os fatos não se encaixam na narrativa, modificam-se os fatos. Como se ações do governo israelense não fossem condenáveis por si só. Não basta a realidade, deve-se criminalizar Israel como um todo, nem que para isso seja necessário relativizar os crimes do Hamas, negá-los, ou construir outra realidade.

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É muito desgastante lidar diretamente com uma realidade tão cruel, e ainda sentir-se obrigado a desconstruir uma realidade paralela inventada de forma totalmente desonesta. Pior ainda quando quem a inventa está a uma distância de 10 mil quilômetros de onde os eventos ocorrem, sem sofrer consequência alguma dos efeitos da guerra.

Enquanto nós batalhamos pela aceitação e legitimação do direito do outro, pelo diálogo e pela coexistência justa e pacífica, outros estão preocupados em disseminar o ódio, através de discursos negacionistas e mentirosos. Gente cujo discurso só serve a si mesmo.

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