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Pedro Paiva

Jornalista, mora em Nova York. Foi produtor e repórter do América News, jornal do canal internacional da Globo feito para a comunidade brasileiros nos Estados Unidos. É colaborador da Revista Híbrida e da USBRTV nos Estados Unidos. Acompanha a política estadunidense e outros temas importantes do país

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Um 4 de julho de menos liberdade nos Estados Unidos

Os Estados Unidos celebram o 4 de julho, dia da independência. A data é, talvez, o feriado mais importante do país

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Hoje os Estados Unidos celebram o 4 de julho, dia da independência. A data é, talvez, o feriado mais importante do país. Parte por conta do nacionalismo exacerbado, parte pelo fato de que acontece no verão, diferentemente do ano novo, quando todos estão abrigados do inverno rigoroso do hemisfério norte.

Em todo o país, o dia é de churrasco, praia e, claro, fogos de artifício - para o terror de cachorros como o meu, o Buddy. A data é uma celebração à liberdade, à revolução que levou as 13 colônias a se levantarem contra a tirania britânica. Esse 4 de julho, porém, será de menos liberdade para muitos americanos que viram direitos adquiridos há décadas serem retirados, recentemente, por uma Suprema Corte ultra conservadora.

Na semana passada, 6 juízes indicados por 4 mandatos de presidentes republicanos reverteram vitórias históricas que foram defendidas, sem sucesso, por 3 juízes indicados por 5 mandatos de presidente democratas. Uma super maioria que não condiz com os resultados eleitorais recentes e que tenta fazer os EUA voltar aos tempos dos “Pais Fundadores”.

Uma das decisões acabou com as políticas afirmativas nas universidades do país. Muito antes que no Brasil, políticas afirmativas começaram a ser implementadas aqui na década de 1960, como um dos resultados do Movimento Pelos Direitos Civis. Elas permitiram mudar a cara do corpo discente das principais instituições de ensino superior do país. Hoje, porém, a Suprema Corte decidiu que elas se tratam de descriminação racial, sem considerar todo o histórico de escravidão, segregação e desvantagens às quais a população negra nos EUA foi submetida.

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Mas não para por aí. A mesma Suprema Corte que afirmou que universidades não podem “descriminar”, entre várias aspas, candidatos por conta de raça, permitiu que uma designer gráfica se recuse a fazer sites de casamento para casais LGBTQIA+. De acordo com os juízes conservadores, a Primeira Emenda da constituição, que garante o direito à liberdade de expressão, permite que a designer em questão descrimine. Em breve, corremos o risco de ver pelo país lanchonetes com avisos de “não servimos homossexuais”. Uma decisão perigosa que serve de degrau para aqueles que querem varrer a comunidade LGBTQIA+ do país - e da face da terra, se possível.

A Suprema Corte, também, julgou inconstitucional um programa do governo Biden que pretendia abater grande parte das dívidas estudantis no país. Atualmente, mais de 43 milhões de americanos têm dívidas dos tempos da faculdade. Alguns já com 70 anos, e muitos deles com dívidas impagáveis, que passam dos US$100 mil. No país que mais gasta com guerras e militares, é um absurdo perdoar dívidas de trabalhadores com o Estado. Um tiro no pé que prejudica, inclusive, a economia como um todo.

No ano passado, os mesmos juízes acabaram com o precedente criado no julgamento Roe V. Wade, que legalizou o aborto em todo o país. Hoje, republicanos tentam restringir o acesso aos procedimentos em todos os estados e já falam de uma proibição federal. Outras conquistas, como o casamento igualitário, também estão na mira daqueles que querem voltar a 1776. Para grande parte da população, esse 4 de julho é um lembrete de que quem não avança, retrocede.

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