A Globo e os bolsonaristas
Duas ondas avassaladoras atormentam o Brasil neste momento: as intempéries climáticas, consequência da destruição da natureza, e as incansáveis fake news
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Duas ondas avassaladoras atormentam o Brasil neste momento: as intempéries climáticas, consequência da destruição da natureza, e as incansáveis fake news. A economia vai bem, obrigado, a despeito de a mídia neoliberal preocupar-se mais com o humor da Faria Lima do que com coisas como crescimento e emprego.
Do espectro bolsonarista surgem bobagens tão grandes, mentiras tão estapafúrdias, que talvez se prestem antes de tudo a ridicularizar seus autores. Dia destes a deputada Carla Zambelli (PL-SP) compartilhou em suas redes antissociais um vídeo pretensamente bem-humorado e assumidamente ficcional - um disfarce para disseminar fakes primárias.
Tratava-se de uma tentativa de pintar a Rede Globo como lulista. Um repórter de mentirinha remetia-se a “Bonner” com informações sobre a ação do governo no socorro às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Só que o presidente do Brasil era Jair Bolsonaro, não Lula, e portanto o repórter de mentirinha esculacha o governo, a descrever uma ação de socorro tardia, insuficiente e ineficaz. O repórter de mentirinha, indignado, também diz a “Bonner” que a primeira-dama Michelle estava no show da Madonna quando coisa ficou feia no Sul (a tentativa de atingir Janja é patética, pois ela não foi ao show sem banda de Madonna).
Quanta criatividade para dizer que, se o presidente fosse Bolsonaro e não Lula, a Globo estaria denunciando mazelas e descasos na ajuda ao Sul, não teceria elogios. A sutileza e a ironia não são manejadas com desenvoltura pela direita bolsonarista – esta é mais afeita à truculência. Além disso, o mundo real vê uma ação de socorro de dimensões sem precedentes por parte do governo Lula, e não se esquece do comportamento desumano de Jair na pandemia.
A TV Globo, a Globo News, a rádio CBN, o sie G1 e o jornal O Globo estão muito longe de agradar lulistas, petistas e esquerdistas em geral. A postura crítica da esquerda em relação ao megagrupo de comunicação é histórica. Tem raízes no apoio, em troca de favores, dado pelo canal de Roberto Marinho à ditadura civil-militar que aterrorizou o país por 20 anos. Com a redemocratização e uma discreta mea culpa, o grupo manteve-se frontalmente contrário às pautas econômicas desenvolvimentistas abraçadas pela esquerda, preferindo carregar a bandeira de um neoliberalismo não assumido, a ter Fernando Henrique Cardoso como uma espécie de Deus incontestável.
Louve-se uma certa pluralidade nos veículos que levam o selo Marinho: quem vai de Carlos Alberto Sardenberg e Demétrio Magnoli também tem Flávia Oliveira e Marcelo Lins.
A Globo trabalhou incansavelmente pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em demonstrações gritantes de jornalismo tendencioso. Foi ponta-de-lança da Lava Jato, a incensar como ninguém – talvez a Veja se equipare – as figuras de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. Tudo isso é sabido e notório, portanto chovemos no molhado.
Os veículos da marca Marinho só não abraçaram Jair Bolsonaro porque o medievalismo do capitão extrapola qualquer limite. Mesmo assim, tiveram momentos de flerte com Paulo Guedes, dublê de ministro da Economia e Chicago boy a serviço da alta finança.
Na verdade, os bolsonaristas odeiam a Globo, especialmente a TV, menos por sua programação jornalística e muito mais por suas novelas. Essa gente falso-moralista surta diante da diversidade – neste quesito, ponto para o canal dos Marinhos.
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