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Após acordo com Petrobrás, Unigel planeja retomar produção em fábricas de fertilizantes no Nordeste neste mês, diz CEO

Fábricas enfrentam problemas de rentabilidade devido aos altos custos do gás natural, o que tem trazido dificuldades financeiras para a companhia privada

Petrobras (Foto: Reprodução)

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RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Unigel planeja retomar a produção de fertilizantes nitrogenados das fábricas de Sergipe e Bahia ainda neste mês, como resultado da assinatura de um acordo de industrialização por encomenda com a Petrobrás no fim do ano passado, afirmaram à Reuters o CEO da companhia, Roberto Noronha, e um secretário do governo de Sergipe.

O acordo foi anunciado em meio a esforços da Petrobrás e da Unigel para retomar as atividades nas fábricas, que enfrentam problemas de rentabilidade devido aos altos custos do gás natural, o que tem trazido dificuldades financeiras para a companhia privada.

"As plantas deverão operar continuamente, não havendo previsão de paradas, ou seja, uma vez retomada a produção o objetivo é seguir sem interrupções", disse Noronha à Reuters na véspera, evitando entrar em detalhes sobre o negócio fechado, devido a um acordo de confidencialidade.

A fábrica de Sergipe tem capacidade de produzir 456 mil toneladas de amônia por ano, além de 657 mil toneladas de ureia. Já a unidade da Bahia pode produzir 475 mil toneladas de ureia, e volume semelhante de amônia, segundo dados do site da Unigel.

A retomada das unidades deve trazer algum aumento na produção de fertilizantes nacional, fortemente dependente de importações. Ambas as fábricas foram arrendadas pela Petrobrás em 2020 para a Unigel por dez anos. Com o acordo, a petroleira fornecerá o gás para a produção e venda de fertilizantes pela Unigel.

A fábrica de Laranjeiras, em Sergipe, está em parada para manutenção, segundo Noronha. Já a fábrica de Camaçari, na Bahia, está parada há mais tempo e chegou a ter recentemente centenas de trabalhadores em aviso prévio diante das dificuldades com a rentabilidade.

Procurada, a Petrobrás afirmou em nota que o contrato de industrialização por encomenda já se encontra vigente, mas não deu detalhes sobre prazos e perspectivas para início da produção.

"Trata-se de um contrato de industrialização do gás fornecido pela Petrobrás para a produção e venda de fertilizantes, sendo que as condições técnicas já estão em tratamento pelas partes para início imediato", disse a companhia.

O secretário-executivo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Sergipe, Marcelo Menezes, afirmou à Reuters que o acordo firmado tem duração de oito meses e é "uma solução emergencial, importante para segurar os empregos". "A busca por um suprimento de gás natural a preço competitivo continua", ponderou.

Menezes detalhou ainda que antes da retomada da produção, condições precedentes do contrato estão em execução, como transferências de contratos com as distribuidoras de gás e acertos tributários com as secretarias de Fazenda.

Quando anunciou o acerto, em 29 de dezembro, a Petrobrás afirmou que a assinatura foi resultado de parceria com a Unigel divulgada em junho do ano passado, para analisar negócios conjuntos nas áreas de fertilizantes, hidrogênio verde e projetos de baixo carbono.

O CEO da Petrobrás, Jean Paul Prates, havia adiantado em novembro passado que um acordo de industrialização por encomenda, ou o chamado "tolling", poderia ser uma solução de curto prazo para os problemas enfretados pelas fábricas.

Na ocasião, executivos da companhia afirmaram que a Unigel deveria permanecer como arrendatária, mas atuaria como uma prestadora de serviços. Dessa forma, a Petrobrás entregaria o gás para a operação, e a ureia produzida seria da petroleira.

Para o longo prazo, entretanto, outras soluções estavam em estudo, como a incorporação das duas plantas de volta pela Petrobrás, assim como a possibilidade de criação de uma joint venture entre Petrobrás e Unigel, e até mesmo a atração de um terceiro parceiro para o negócio.

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