Cuba condena suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU
"Hoje é a Rússia, amanhã pode ser qualquer uma de nossas nações do sul", o chanceler cubano Bruno Rodríguez
RT - O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, criticou nesta quinta-feira a suspensão dos direitos da Rússia como membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU, ressaltando que a decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas não ajudará a resolver pacificamente o conflito na Ucrânia.
"A suspensão da Rússia de membro do Conselho de Direitos Humanos não favorece de forma alguma uma solução pacífica, negociada e duradoura para o conflito na Ucrânia", declarou o chefe da diplomacia cubana em sua conta no Twitter. "Hoje é a Rússia, amanhã pode ser qualquer uma de nossas nações do sul que não se curva aos interesses de dominação e defende sua independência", acrescentou.
Da mesma forma, Rodríguez questionou se seria possível tomar uma medida semelhante contra os EUA por seu "bloqueio criminal" contra o país caribenho. "A suspensão da adesão ao CDH será aplicada ao Estado que impôs contra Cuba, há mais de 60 anos, um bloqueio criminal que é a violação mais prolongada, flagrante, massiva e sistemática dos direitos humanos de todo um povo e de uma ato de genocídio contra um país inteiro?", acrescentou.
Duplo padrão, seletividade e politização dos direitos humanos
Havana votou contra a decisão e o representante permanente de Cuba na ONU, Pedro Luis Pedroso, denunciou que a suspensão da adesão cria um sério risco de que o mecanismo "seja usado por certos países que privilegiam a duplicidade de critérios, a seletividade e a politização das questões de direitos humanos ".
O diplomata salientou ainda que a Assembleia Geral nunca suspendeu nem suspenderá a adesão de um país como os Estados Unidos, "apesar das suas flagrantes e massivas violações dos direitos humanos, como consequência de invasões e guerras predatórias contra Estados soberanos, com base em seus interesses geopolíticos". "Eles causaram a morte de centenas de milhares de civis, que eles chamam de 'danos colaterais'; milhões de pessoas deslocadas e vasta destruição em toda a geografia do nosso planeta, mas esta Assembleia nunca suspendeu nenhum de seus direitos", acrescentou. .
Rodríguez destacou que a aprovação do projeto de resolução sobre a Rússia "será um precedente perigoso adicional", em particular para os países sul-americanos. "Não basta impor resoluções contra países e mandatos seletivos. Agora pretendem dar um novo passo rumo à legitimação da seletividade e à formação de um Conselho de Direitos Humanos cada vez mais a serviço de determinados países", concluiu.
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