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Efeito Milei: inflação explode ao nível mais alto em três décadas

O Índice de Preços ao Consumidor teve um aumento de 25,5% em dezembro e acumulou 211,4% no ano

Javier Milei e peso argentino (Foto: Reuters)

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247 - Foi divulgada nesta quinta-feira (11) a cifra oficial de inflação na Argentina correspondente a dezembro de 2023, um mês após a posse do presidente argentino, Javier Milei, que propõe aplicar um plano de choque econômico no país sul-americano, informou a emissora RT

O ultralibertário de extrema direita tomou posse em 10 de dezembro do ano passado, e o Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC) informou que no último mês de 2023 o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve um aumento de 25,5% em relação a novembro (12,8%) e acumulou 211,4% no ano.

Esta é a inflação mensal e anualizada mais alta registrada nas últimas três décadas pelo Indec. Em 1991, no contexto de uma hiperinflação, o organismo fechou o ano em 115%.

As estimativas de consultorias privadas indicavam uma inflação entre 20 e 30%, enquanto o mandatário havia colocado em debate a cifra de 45%, sem esclarecer de onde havia obtido esse dado.

Antecedentes - Em novembro, quando ainda era presidente Alberto Fernández, esse indicador subiu para 12,8%, após ter ficado em 8,3% em outubro. Pouco depois de Milei assumir o poder, em 10 de dezembro, o governo promoveu uma forte desvalorização do peso em 50%, o que gerou um agravamento da inflação. Esse drama econômico da Argentina, que o novo mandatário disse poder resolver, já marcava uma taxa de inflação anual de 160,9% no último mês completo da administração peronista.

Em janeiro, poderia se manter e até piorar a tendência de alta devido ao encerramento do programa Precios Justos, que impulsionou ainda mais os aumentos em alimentos, produtos de limpeza e outros bens da cesta básica. Essa política, que perdeu validade em 31 de dezembro e não foi prorrogada, consistia em acordos de preços de referência em bens de primeira necessidade.

Além de uma desvalorização de 50%, foram anunciados cortes significativos no Estado, nas obras públicas e eliminação de subsídios às tarifas e desregulamentações de preços em combustíveis e cobertura médica privada.

De acordo com o ministro da Economia, Luis Caputo, com isso pretende-se zerar o déficit fiscal, evitar uma hiperinflação e reduzir o gasto público. No entanto, ele diz que os efeitos não serão imediatos e a inflação estará "alguns meses pior do que antes".

As previsões de Milei - O presidente Javier Milei advertiu, antes de assumir, que nos primeiros meses de seu governo haveria uma situação de "estagflação", mas prometeu "terminar" com a disparada da inflação, um problema crônico na Argentina, em no máximo dois anos.

A estagflação ocorre quando uma economia está estagnada e, ao mesmo tempo, possui alta inflação, algo que impacta fortemente o poder aquisitivo das pessoas.

O mandatário argentino – em duas entrevistas concedidas a diferentes emissoras de rádio esta semana – assegurou que, se seu governo conseguisse reduzir o índice de preços, em relação à sua própria cifra de 45%, seria uma conquista de sua equipe, e em especial de seu ministro da Economia, Luis Caputo, que está há um mês na gestão.

Nesta quinta-feira, ele disse na Rádio La Red que se os dígitos estivessem mais próximos de 25% seria um "sucesso tremendo", enquanto dias atrás assegurou na Rádio Mitre que alcançar 30% seria um "número impressionante". Ambas as declarações foram feitas sem que os dados oficiais ainda fossem divulgados.

O mandatário não descartou que houvesse risco de hiperinflação no país. Além disso, afirmou que, mesmo que fizesse "um trabalho fenomenal", em algum momento passariam a cobrar as "estupidezes" que teriam sido feitas no Congresso, onde se debate entre questionamentos e entraves sua proposta de 'Lei Omnibus'.

"Que fique claro que são eles [os congressistas] os responsáveis. Eu fiz o que tenho que fazer: enviei o programa de ajuste, de choque bem ortodoxo", afirmou.

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