'Lula não deve ir à posse de Milei, mas o Brasil deverá adotar uma relação de Estado com a Argentina', diz Celso Amorim
Assessor internacional do presidente Lula afirmou que é possível ter uma relação boa com a Argentina após a vitória de Javier Milei
247 - O assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deverá comparecer à cerimônia de posse de Javier Milei, político de extrema direita eleito presidente da Argentina neste domingo (19). “Do que eu conheço do presidente Lula, acho difícil que ele vá, porque foi ofendido pessoalmente, mas o Estado brasileiro estará representado”, disse Amorim à coluna da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.
Amorim, contudo, disse que o Brasil deverá adotar uma "relação de Estado" com o país vizinho. “É possível ter relação boa, mesmo com presidentes de ideologias muito diferentes. Tudo depende da capacidade de colocar os interesses de Estado acima da preferência pessoal. Somos capazes disso. Vamos ver se o presidente eleito da Argentina também será, esperamos que sim”, disse o diplomata.
Mais cedo, o ministro-chefe da Secom (Secretaria de Comunicação), Paulo Pimenta, já havia defendido que Lula não falasse com Milei até que recebesse um pedido de desculpas. "Eu (se fosse o Lula), só depois que ele me ligasse para me pedir desculpa, ofendeu de forma gratuita o presidente Lula, cabe a ele um gesto como presidente eleito, de ligar para se desculpar. Depois que acontecesse isso, eu pensaria na possibilidade de conversar", disse Pimenta.
Também nesta segunda-feira (20), Milei realizou uma videoconferência com Jair Bolsonaro (PL), que confirmou sua presença na cerimônia de posse agendada para o dia 10 de dezembro, em Buenos Aires. Sobre este contato, Amorim destacou que a aproximação entre Milei e o ex-mandatário não terá reflexos significativos para o governo brasileiro.
"Essa ligação não tem reflexos para o governo brasileiro. Não vai impedir a gente de tratar a relação com Argentina como um relacionamento de Estado," afirmou Amorim. Ainda segundo ele, a relação entre Milei e o clã Bolsonaro só resultará em problemas se resultar "interferências internas".
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