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'Sanções têm efeito letal': intelectuais pedem fim do bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba e Venezuela

Economistas, cientistas políticos e historiadores de 10 países destacaram a existência de estudos que evidenciam danos humanitários causados pelas sanções dos EUA

Presidentes Miguel Diaz (Cuba, à esq.) e Nicolas Maduro (Venezuela) (Foto: Reuters)

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Lucas Estanislau, Caracas (Venezuela) - Mais de 50 intelectuais de diversas partes do mundo pediram ao senador estadunidense Bob Menendez que pare de apoiar a aplicação de sanções contra Cuba e Venezuela. Em uma carta publicada na última quarta-feira (5), economistas, cientistas políticos e historiadores de 10 países destacaram a existência de vários estudos que evidenciam os danos humanitários causados pelas sanções dos EUA e que Menendez estaria mentindo ao dizer que as medidas não afetam as populações cubana e venezuelana.

"Respeitosamente pedimos que você pare de espalhar a falsa narrativa de que não existe relação entre as sanções econômicas e a crise humanitária em países atingidos por essas sanções", diz o documento.

A carta é assinada por nomes como o ex-ministro da Economia da Argentina Martin Guzman, o economista sul-coreano Ha-Joon Chang e o professor de Economia da Universidade de Denver e opositor venezuelano Francisco Rodríguez.

A iniciativa é mais um capítulo de uma série de ações de atores não ligados ao governo da Venezuela e de Cuba para aliviar o bloqueio contra esses países.

O início da polêmica ocorreu em maio, quando um grupo de deputados e senadores do Partido Democrata enviou uma carta ao presidente Joe Biden pedindo o fim das sanções como medida conter o alto fluxo migratório em direção aos EUA.

"Especialistas concordam amplamente que sanções extraterritoriais dos EUA - expandidas a níveis sem precedentes por seu antecessor [Donald Trump] - são um fator predominante que contribui para o atual aumento da migração", dizia um trecho da carta publicada no dia 10 de maio.

Em resposta, o senador democrata Bob Menendez, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado e um histórico apoiador da política de sanções contra Cuba e Venezuela, publicou uma nota um dia depois dizendo que, na verdade, cubanos e venezuelanos deixavam seus países porque estariam fugindo de "ditaduras que violam e reprimem seus direitos".

No documento assinado pelos intelectuais divulgado nesta semana, eles destacam que o senador não cita "nenhuma pesquisa ou evidencia que respalde seu argumento central de que as sanções econômicas dos EUA não tem ligação direta com o número significante de migrantes de Cuba e Venezuela".

"Isso não é surpreendente, já que na verdade não existe nenhuma pesquisa séria que embase essa alegação. Ao contrário, [...] dezenas de estudos acadêmicos revisados por pares registraram os efeitos negativos concretos - e muitas vezes letais - das sanções econômicas nas condições de vida das populações dos países afetados", diz a carta.

Cuba sofre com um bloqueio imposto pelos EUA há 61 anos, que passou a ter mais impacto na economia da ilha a partir dos anos 1990, após a queda da União Soviética.

Já as primeiras sanções contra a Venezuela foram impostas em 2014, pelo então presidente Barack Obama, mas as medidas que realmente asfixiaram a economia venezuelana vieram durante o governo de Donald Trump, a partir de 2017. As primeiras sanções financeiras colocaram enormes obstáculos para o país realizar e receber pagamentos no exterior. Já em 2019, as sanções contra a indústria petroleira significaram o bloqueio do principal setor da economia, provocando uma ampliação na crise econômica do país.

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