1° de maio: o desafio é transformar sonhos em conquistas
Quais são as nossas lutas hoje? Qual o diálogo que nos cabe estabelecer com os patrões e com os governos?
Dia do trabalhador e da trabalhadora, 1° de maio chegando. E quais são as nossas lutas hoje? Qual o diálogo que nos cabe estabelecer com os patrões e com os governos?
A música já diz: “A gente quer comida, diversão e arte”. Sim, o povo está arregaçando as mangas na reconstrução do Brasil e quer ser reconhecido. Quer seguir tendo esperança em dias melhores. Não entende a possibilidade posta de acabar com os mínimos constitucionais para saúde e educação. Para barrar mais este desmonte do Estado, é preciso ação e diálogo com governo, parlamentares e patrões.
Nós, da CUT, fomos acusados por alguns de não fazer luta nos dois primeiros governos Lula. Mas, de cara, se esquecem que organizamos cinco marchas da classe trabalhadora a Brasília nesse período, como faremos agora, reivindicando manter e avançar em direitos para a classe trabalhadora.
Essas mobilizações contribuíram, inclusive, para o salário mínimo dobrar em oito anos. E mais: os mesmos críticos não contam que no Lula 1 e Lula 2, nós, trabalhadoras e trabalhadores, tínhamos ganho real nas mesas de negociação com o patronato. Nós, empregados, conquistamos a participação nos resultados nas empresas.
Foram conquistas que combinavam mesas de negociação com pressão nas ruas e greves, quando o diálogo era interrompido e era necessário destravar a mesa. Enfim, foram avanços que só foram possíveis com luta, estratégia, formação e sabedoria.
É fruto desse momento da nossa história provar a teoria de que quando o salário mínimo cresce além da inflação e à luz do crescimento econômico, ele na verdade gera a possibilidade de criar novos postos de trabalho. Por quê? Porque ele aquece a economia, porque os trabalhadores e trabalhadoras que ganham mais podem consumir mais, porque aumentam suas rendas. Então, a redistribuição de renda gera um novo mercado consumidor, com capacidade de compra, com valorização, e isso vai ajudando nesse processo de aquecimento da economia, criando novos postos de trabalho.
Hoje, além dessa lógica, a gente vê como estratégia de gerar emprego e renda a retomada de obras paralisadas nos últimos dois governos. Há perspectiva da construção de novas escolas, institutos, hospitais, casas populares, etc. Então, não é só o emprego direto na obra, que é um trabalho temporário, mas também as ocupações indiretas em toda a cadeia e o giro da roda da economia.
A gente ainda está vendo a retomada da nossa indústria e toda a pauta da transição de matriz energética que vem se consolidando. Enfim, ainda que a informalidade esteja muito grande, o governo Lula já voltou a criar postos de trabalho, o que permite ao povo ter esperança.
Outro assunto importante quando discutimos postos de trabalho nos tempos atuais é o avanço da tecnologia, se ela vai tomar os nossos empregos. Aqui também cabe pensar o papel do Estado na sociedade. Um possível recurso seria estimular e valorizar a economia de cuidados, remunerar aqueles e aquelas que cuidam dos familiares, que adoecem, que envelhecem ou que são muito jovens.
A mesma sociedade que teme extinção de postos de trabalho e que luta por trabalho decente convive com trabalho análogo à escravidão. E aí vale ressaltar que, no primeiro ano do governo Lula, agora, em 2023, mais de 3 mil pessoas foram resgatadas desse tipo de situação de trabalho análogo à escravidão, seja na área rural, no setor de produção ou nas casas das famílias. É preciso que a gente denuncie sempre que souber ou desconfiar. É preciso que um patrão que faça isso seja exemplarmente punido nos termos da lei. É urgente que nos livremos desse mal que degrada homens e mulheres, assim como a imagem do Brasil perante a comunidade internacional.
Por falar nas relações internacionais, no final do último ano do segundo governo Lula, em 2010, o Brasil ratificou a convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho, que trata do direito à negociação coletiva para servidores públicos. Porém, passados 13 anos, ainda falta aprovar uma legislação nacional e de estados e municípios que garantam de forma eficaz esse direito. Afinal, é importante valorizar aquelas e aqueles que fazem o Estado.
O esperançar que nos move aponta um maio de celebração e luta. Sim! Que façamos shows e confraternizações no nosso dia e sigamos numa grande marcha da classe trabalhadora a Brasília, no dia 22, para defender um Brasil voltado para o povo brasileiro, com taxação das grandes fortunas, valorização dos servidores e servidoras e investimentos que gerem emprego, trabalho, renda e dignidade humana.
Isso não é pedir muito. São sonhos que, na luta, vamos transformar em conquistas.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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