2018 de novo não
A burguesia internacional coloca em prática um plano para acuar a esquerda. Organizar os comitês de autodefesa!
Mês passado, minha companheira me mostrou um e-mail da Escola de Música da UFRJ. Era uma nota de repúdio sobre ato de vandalismo na escola. Alguém havia desenhado uma suástica, e um aviso de que investigações seriam feitas. Quando vi o e-mail, senti estarmos voltando no tempo para 2018. De 2016 a 2018, a extrema-direita estava em franca ascensão. Grupos integralistas ameaçaram a Unirio, a militância de esquerda tinha medo de usar a camisa vermelha na rua, candidatos, de vereador a deputado — estadual ou federal — eram atacados com truculência pela polícia. Em 2016, um estuante da UFRJ foi assassinado no campus do fundão. Em 2018, foi o mestre capoeirista Moa. Pensei comigo mesmo que estava me precipitando. Poderia ser um acontecimento isolado, mas a sensação era de que o clima era o mesmo.
Agora estou mais certo de que minha impressão era correta. Essa semana, o comício do Lula na Cinelândia sofreu um mini atentado. Não foi nada grave, mas mesmo assim, a imprensa tratou como um grande evento. Hoje, domingo, 10 de julho, um militante do PT foi assassinado no seu aniversário de 50 anos em Foz de Iguaçu. O tema da festa era a candidatura de Lula. Um policial bolsonarista entrou na festa e ameaçou os convidados e depois voltou atirando contra o aniversariante. A extrema-direita está atiçada novamente e a imprensa está com uma campanha terrorista.
Olhando para a esquerda petista, vejo um sentimento parecido com o que predominava nas eleições passadas: um medo dos bolsonaristas e uma confusão sobre as eleições — enquanto acreditam ter grandes chances de ganhar, desconfiam das ações bolsonaristas, com medo de algo grave acontecer.
O medo é um sentimento importante. Não podemos subestimar a extrema-direita, mas não deve dominar a militância. Para enfrentar a direita não adianta ter medo, é preciso organizar-se, entender que a justiça e o regime burguês é quem está por trás desses cães raivosos, mas que somos maior em número e organizando nossa autodefesa conseguimos responder na mesma moeda e nos proteger desses ataques.
Até agora, a reação da esquerda tem sido de se retrair. Se não revertemos a situação o resultado das eleições será muito parecido com o passado. A esquerda, que lidera nas pesquisas, será atacada na imprensa, na justiça e nas ruas até se retrair completamente e perder o pleito.
Não é estranho também que o ataque ao PCO pelo STF esteja acontecendo agora. O imperialismo está tentando anular a vanguarda do movimento. O principal partido a fazer a campanha do Lula corre o risco de perder seu registro e ter seu presidente preso. Trata-se de uma operação condenada. Sabemos que os quadros do aparato de repressão do Estado (polícia, exército e empresas de segurança) são os responsáveis por treinar a pequena-burguesia enlouquecida do fascismo.
Quem acreditava que uma onda democrática estava inundando a América Latina estava redondamente enganada. O imperialismo está em guerra no mundo inteiro. Perderam o Afeganistão, estão perdendo na Ucrânia e agora a China ameaça retomar Taiwan. Assim, só uma esquerda muito controlada está sendo permitida nos países atrasados. No Brasil, a candidatura de Lula não se enquadra nesse quadro. Desse modo, aqui, ou a terceira via reverte a situação, ou a burguesia deverá escolher o imperialismo novamente.
O capital internacional já está usando as botas do fascismo e a batuta da lei contra a esquerda. Devemos já começar uma campanha de esclarecimento e partir para a ofensiva. Organizemos comitês de autodefesa para não sermos acuados nas ruas! Não podemos repetir o erro de 2018.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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