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André Barroso

Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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40 anos do Sambódromo. Quem me dera a vida fosse um samba

E quem diria que pelo samba todos fossem se apaixonar

(Foto: Alexandre Macieira/Riotur)

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Quem hoje aprecia o desfile das escolas de samba no Sambódromo do Rio de Janeiro, não imagina que tem apenas 40 anos. Uma festa tão popular, reconhecida mundialmente, tendo sido reconhecida como patrimônio cultural e imaterial do Brasil, uma festa que diz muito sobre nosso povo, foi construída no governo de Leonel Brizola a partir da mentoria de Darcy Ribeiro. O antropólogo e professor Darcy, encampou a ideia de se ter um local específico para o desfile permanentemente e durante o ano, daria lugar a escolas municipais. Encomendada para Oscar Niemeyer, o projeto fez sentido como equipamento urbano fundamental para a cidade.

O Sambódromo da Marquês de Sapucaí, nome dado em homenagem a Cândido José de Araújo Viana que era professor de Dom Pedro II e condecorado com este título, completa 40 anos com inúmeros momentos marcantes, representando um pequeno momento da história do samba e desfiles. Dentre eles, Jamelão cantando pela Mangueira, Joãozinho trinta com o desfile censurado “Mesmo proibido, olhai por nós!”, desfile de Paulo Barros pela Unidos da Tijuca, Luma de Oliveira com sua coleira personalizada, entre muitos outros acontecimentos.

(...) Vê como é que anda aquela vida atoa, e se puder me manda uma notícia boa! Há quem diga que esgotamos a festa aos novos tempos. A nova geração está dividida entre aqueles que crescem ouvindo samba e aqueles da nova geração TikTok. Essa geração individualista, sem empatia com sua própria cultura, está perdendo conexão com as simbologias da festa pagã. Ignoram as origens com histórias deliciosas dos desfiles. Com mais de 100 anos de desenvolvimento, a Avenida Rio Branco sempre foi o reduto das disputas das agremiações. O que eram apresentações simples, com marchinhas de duplo sentido, se tornou ao longo do tempo, em profissionalismo gerando paixões como as do futebol e religião.

E quem diria que pelo samba todos fossem se apaixonar. O evento mais aguardado pelo povo, tendo o samba como ponto principal, está vislumbrando um novo tempo. Ele como manifestação cultural pode estar com os dias contados com a modernidade? O crescimento dos blocos de rua está superando o evento principal?  Dizem que o ser humano tem a cara do seu tempo mais do que a de seu pai. Os homens mudam em pouquíssimo tempo, assim como suas convicções se adaptam ao tempo. Em duas ou três gerações, é possível notar quem é o homem ultrapassado, sem olhar para seu rosto. Isso se traduz nos novos tempos da Passarela do Samba. Temas como liberdade religiosa, respeito às minorias, inclusão, são mais presentes nos enredos. E no momento em que “mulheres invisíveis” e pioneiras foram citadas como Joni Mitchell, Rosa Parks e Amélia Earhart, hoje todos podem comemorar mulheres puxando samba. 

“Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição. Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês. Tudo aquilo que o malandro pronuncia. Com voz macia é brasileiro, já passou de português.”. De Noel, passando por Cartola, Nelson Sargento, temos uma constelação de gênios do samba que foram imortalizados e relembrados, assim como as gerações seguintes, desde alegoristas aos passistas, que compõe com unhas e dentes, sangue e suor, que a festa aconteça, serão sempre reverenciados e merecem que esse espetáculo aconteça afinal o povo tem poucas atividades que pode vivenciar com esse amor. Se me perguntam sobre se o desfile está flopando, sentencio que é eterno e proclamo:

QUE SEJA CARNAVAL O ANO INTEIRO!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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