TV 247 logo
    Mauro Nadvorny avatar

    Mauro Nadvorny

    Mauro Nadvorny, é Perito em Veracidade e administrador do grupo Resistência Democrática Judaica". Seu site: www.mauronadvorny.com.br

    202 artigos

    HOME > blog

    A esperança sorriu

    O The Intercept na voz de seu cofundador, Glenn Greenwald, conseguiram trazer a luz tudo aquilo que já se sabia, mas ainda não se tinha provas. Ao contrário do Triplex, que havia muita convicção e prova nenhuma, agora se tem os diálogos que mostram de maneira inequívoca o conluio entre Moro e os procuradores da Lava a Jato para condenarem Lula

    Que semana foi esta? O The Intercept na voz de seu cofundador, Glenn Greenwald, conseguiram trazer a luz tudo aquilo que já se sabia, mas ainda não se tinha provas. Ao contrário do Triplex, que havia muita convicção e prova nenhuma, agora se tem os diálogos que mostram de maneira inequívoca o conluio entre Moro e os procuradores da Lava a Jato para condenarem Lula.

    Até domingo passado, o que já foi mostrado já serviu para mostrar o que nos aguarda. Se este tira-gosto fez tremer a República, imaginem o que ainda está por vir. Eu imagino e me delicio com isso. Nós que estamos na resistência desde o golpe, e que antes dele sofremos pela injustiça cometida contra Lula, pela primeira vez em muito tempo, podemos sorrir. É aquele sorriso de vitória, de deboche mesmo, de escárnio contra estes golpistas que venderam o país. A hora de vocês está chegando.

    O senso de impunidade é o que derruba os corruptos. Chega um momento em que eles se acham tão poderosos, que a lei é para os outros. Vivem em mundo próprio, em uma realidade paralela. Nela são heróis dos simples mortais. Não aquele herói contra a injustiça, mas aquele que se diverte com a capacidade de ingenuidade do povo brasileiro. Aquele que depois de perceber da capacidade intelectual de uma massa que acredita que Lula era dono de um Triplex, compreende que qualquer coisa pode ser aceita como verdadeira, inclusive uma Mamadeira de Piroca.

    Vou recordar que o golpe branco no Brasil foi orquestrado dentro do país e recebeu apoio logístico de fora. Dilma não era uma líder simpática, mas a crise não foi culpa dela. A crise começou no dia em que ela foi reeleita e Aécio Neves não aceitou a derrota. Este foi o momento em que entramos no caminho que nos levou até aqui.

    Moro foi um achado neste caminho. Um juiz de primeira instância que chegou a Ministro da Justiça e tinha até domingo passado, cadeira garantida no STF. Não se enganem, o cara tem mérito. É incrível como um juiz medíocre como ele, foi aclamado por milhões de brasileiros sob a bandeira da luta contra a corrupção. Percebam que tudo já estava errado. Quem supostamente estava lutando contra a corrupção era o MPF. São eles que supostamente estavam levando a cabo as investigações juntamente com Polícia Federal. Eram eles que supostamente encontraram as provas que levaram corruptos para serem julgados por Moro, que por sua vez, diante delas os condenou. O que faria qualquer juiz que tivesse em mãos provas cabais de culpabilidade.

    Tudo estava errado desde o início. O Impeachment da Dilma, todos sabiam que era uma injustiça. Até mesmo os que a derrubaram que de tão constrangidos, ao contrário de Collor, permitiram que ela mantivesse os seus direitos políticos. Mas não bastava calar Dilma, era preciso acabar com o PT e para acabar com o Partido dos Trabalhadores, somente se provando que Lula era corrupto.

    Para tentar acabar com o PT, empurraram o país para uma crise econômica sem precedentes. Empresas Multinacionais Brasileiras que faziam concorrência com empresas estrangeiras foram acusadas de corrupção. Não seus donos, as empresas. Eles fizeram a festa das concorrentes levando as empresas brasileiras a bancarrota. O desemprego foi aumentando exponencialmente, chegando hoje a 13 milhões.

    Diante do culpado pela crise, o PT, agora era hora de acabar com seu maior nome, o Presidente Lula. Primeiro foi tomada a convicta decisão de que ele era “ladrão”. Sua vida pregressa e corrente, assim como de seus familiares e muitos amigos, foi revirada de cima a baixo. Nada foi encontrado, ou quase nada. Um apartamento que virou um Triplex foi a única coisa que acharam que podia colar. Uma cota de compra de um apartamento com uma cooperativa que quebrou, levando uma construtora, mais tarde envolvida com corrupção, a assumir a obra. Dona Marisa visitou o imóvel, conheceu o que seria um Triplex, e com isso se abriu uma fresta.

    A coisa era tão absurda que os próprios desembargadores acharam meio forçado. A ideia era dizer que o tal Triplex era do Lula como pagamento por contratos obtidos por aquela nova construtora junto a Petrobrás.

    Sem qualquer prova de que o Triplex era de propriedade de Lula e tendo escrito no processo que não havia relação com os contratos da Petrobrás, ainda assim o condenaram. O tal Triplex era do Lula, Lula era “ladrão” e vai para a cadeia.

    Então surge um problema, Lula vai participar das eleições e vai ganhar. Faltava o julgamento de segunda instância no TRF-4. O que seria impossível para o cidadão comum que aguarda anos pela justiça, o tribunal não só adiantou o julgamento para impedir que ele participasse da eleição, como aumentou a pena na medida exata que levaria um cidadão com mais de 70 anos a cumprir sua pena em regime fechado. Somente a leitura do processo demandaria mais tempo para um julgamento real, mas a realidade era outra.

    Tenho muita esperança que a troca de favores envolvendo o TRF-4 apareça nas reportagens do The Intercept num futuro próximo. O que eles fizeram não pode ficar impune.

    Eu sei que o judiciário foi cúmplice do golpe. Não vou entrar no mérito do que os levou a compactuarem com isso. Jucá já disse com todas as letras, “com Supremo, com tudo”. Acontece que esta casta vive de aparências. Quando vestem aquela toga, se outorgam poderes divinos. Uma mesma lei serve para absolver um amigo, e condenar um inimigo. Tudo é relativo.

    Acontece que Moro desnudou a justiça ao fazer justiça com as próprias mãos apertadas com as de Dellagnol. Ele trouxe a luz, o que já se sabia, acontecia nas sombras. E ao fazê-lo ofendeu a todos os juízes do Brasil. Aquela auréola de imparcialidade, de escutar as partes no processo, de fazer justiça de acordo com a lei, tinha de ser preservada. Ela é a base do sistema jurídico, pelo menos no papel. Agora a porca torceu o rabo.

    Eu analisei profissionalmente o esclarecimento de Deltan Dallgnol e o resultado pode ser lido clicando aqui. O resultado fala por si mesmo.

    A informação comprovada de que um juiz e um promotor se acomunaram para condenar uma pessoa sem provas, foi ironicamente, a melhor notícia que a resistência democrática poderia receber. Antes a gente dizia que havia um Brasil antes do golpe, e outro depois. Hoje podemos dizer que havia um Brasil antes das denúncias e outro que vai surgir depois delas. Finalmente a esperança acordou e sorriu para nós. Obrigado The Intercept.

     

     

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: