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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    A extrema direita acha que Putin pode virar um tolo do padrão de Bolsonaro

    O jornalista Moisés Mendes destaca que se a a Rússia fracassar com a vacina contra a Covid "o fascismo mundial entrará em êxtase". "Eles dizem torcer para sempre contra o comunismo, mas acabam torcendo pela peste", frisa

    Vladimir Putin (Foto: Kremlin | REUTERS)

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    Vladimir Putin talvez seja o último grande estrategista mundial. É o sobrevivente num mundo de líderes medianos e medíocres e de burocratas esforçados, com as exceções sempre citadas. Dessas, Angela Merkel e o Papa Francisco podem ser as únicas exceções inquestionáveis.

    Pois muita gente acredita que Putin, o cara que consegue manter o mundo sob equilíbrio, mesmo que cada vez mais precário, fará uma grande barbeiragem com a vacina contra a Covid-19.

    O homem de gelo, que só decide com o coração quando os beneficiados por suas deliberações sentimentais são Yume, Pasha, Connie e Buffy, seus cães de estimação, estaria à beira do abismo por ter decidido ficar irracional.

    Há quem acredite que, num impulso, Putin determinou aos cientistas russos que abreviem irresponsavelmente as etapas de produção da vacina e saiam na frente de todos os envolvidos na busca de uma cura para a peste.

    Putin está há 20 anos no poder, no país em que o poder massacrou ou maltratou a vida pública dos seus antecessores do final do século 20.

    Putin preparou cada detalhe da sua eternidade e, se quiser, poderá ser eterno e continuar mandando na Rússia até 2032.

    O cara que não comete erros estratégicos pode ter sido induzido ao equívoco de anunciar, daqui a alguns dias, que a Rússia tem uma vacina que talvez não funcione ou, ao invés de curar, pode matar?

    Até o general Eduardo Pazuello, o interino meio provisório e quase permanente do Ministério da Saúde, passou a entender de vacinas russas.

    Generais que nunca participaram de uma batalha simulada tentam agora, em tom de deboche, protagonismo no debate mundial sobre a guerra pela salvação da humanidade.

    Civis e militares que acreditam viver numa Terra plana sabem tudo do vetor do adenovírus humano, das etapas dos experimentos e da produção em massa de vacinas.

    Militares que até pouco tempo chefiavam almoxarifados de quartéis questionam, com a sabedoria de um Olavo de Carvalho, o esforço e a competência de um país com tradição e reputação em todas as áreas da ciência.

    Putin é o alvo, porque se errar a torcida contra estará consagrada. Se a vacina russa não der certo, a extrema direita fará a festa da pandemia.

    Em mil guerras com Putin, nossos generais talvez vencessem batalhas imaginárias de jogos virtuais mentais acionados dentro das suas cabeças. E só.

    Por isso apostam que a guerra da vacina é a chance da extrema direita e será vencida por um vacilo de Putin. O russo poderia virar um tolo do porte de um Bolsonaro.

    Se Putin fracassar, o fascismo mundial entrará em êxtase. Eles dizem torcer para sempre contra o comunismo, mas acabam torcendo pela peste.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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