A FAFEN Bahia completa aniversário, parada
Aniversário é bom de se comemorar, a não ser este, cujas velas que iluminam as contradições do discurso e do interesse, são de um bolo que não se quer repartir
É difícil acreditar que a maior empresa do Brasil não consiga, após 18 meses de novo governo, executar o plano de Lula na área de fertilizantes, permitindo que as suas fábricas responsáveis pela maior produção de fertilizantes do país permaneçam paradas há 1 ano.
Estado de maior expressão eleitoral e que garantiu a vitória do Presidente Lula, a Bahia custa a ver o sonho do pleno emprego. No final do “governo” Bolsonaro a Bahia tinha uma taxa de desocupação de 13,5%, encerrou no ano de 2023 com 12,7% de desocupados, a segunda pior taxa do país enquanto a média nacional era de 7,4%.
Já no primeiro trimestre desse ano, a Bahia desbanca o Amapá (10,9%) e passa a ter o pior índice de desocupados do país, 14%, bem acima da média nacional que foi de 7,9%, segundo dados do IBGE.
Enquanto a FAFEN-BA está parada há 1 ano impedindo empregos diretos e indiretos, a taxa de trabalho informal, que no Brasil foi de 39,2% no final de 2023, subiu para 53,7 % na Bahia, como aponta o IBGE.
Em 2023, o número de trabalhadores do setor privado sem carteira aumentou 8,7% (ou 102 mil) na variação anual, enquanto o número de trabalhadores domésticos sem carteira apresentou uma ampliação de 7,4% (ou 88 mil) no mesmo período. Isso significa dizer que a redução da taxa de desocupados na Bahia, apontada pelo DIEESE, tem a ver com o aumento de trabalhadores informais.
Estes dados da Bahia são, um tanto, indigestos para os gestores que insistem em manter as fábricas de fertilizantes da Petrobrás paradas. No dia 30 de julho, a FAFEN-BA completou 1 ano parada. Há, pelo menos, 365 dias se tenta encontrar uma solução, não para a produção de fertilizantes, mas para a salvação da Indústria química UNIGEL, cuja moratória foi a maior da história industrial do país.
Segundo dados do governo, em 2023, o setor agropecuário importou quase 40 milhões de toneladas do insumo, o equivalente a 87% de suas necessidades. Para reverter esse quadro, o governo Lula, por um lado, vem estimulando a construção de 15 novas fábricas, investimentos na ordem de US$ 40 bilhões. Por outro lado, a Petrobras pretende reativar, em 2025, a refinaria paranaense Araucária Nitrogenados S.A (Ansa), retomar as obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN-3), em Minas Gerais, além de investir em gás natural.
Em outras palavras, 87% dos insumos agropecuários, incluindo fertilizantes nitrogenados, estão sendo importados gerando emprego e renda no exterior, enquanto o baiano desempregado paga os alimentos ao sabor dos preços internacionais dos insumos e coloca na mesa o fruto do trabalho do gringo.
Entretanto, não se discute, nem no rodapé, o reinício da produção de fertilizantes das maiores fábricas do país que estão na Bahia e em Sergipe! Fábricas públicas e prontas cujos trabalhadores foram demitidos pela UNIGEL, que não quer operar. É como se a Bahia não precisasse de mais emprego. É como se o Brasil não precisasse de mais fertilizantes. É como se a baiana e o baiano não merecessem gozar a vitória do governo, amargando o maior índice de desemprego do país.
O governo da Bahia também precisa se envolver no assunto e, junto com o governador de Sergipe, cobrar a retomada das fábricas e ter orgulho de dizer: conseguimos! A FAFEN voltou! Afinal, lá se vai 1 ano sem solução.
Aniversário é sempre bom de se comemorar, a não ser este, cujas velas que iluminam as contradições do discurso e do interesse, estão em cima de um bolo de trigo nitrogenado pelo gringo, um bolo que não se quer repartir, mas manter hibernado, trancado e que ninguém consegue abrir.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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