A mão invisível de Adam Smith não consegue segurar a pena de uma alma lúcida e livre
A injustiça social entrou pelo século XX, na guerra por mercados, e provocou duas guerras mundiais,
Esse clássico de Charles Dickens traz o natal de um idoso avarento, Ebenezer Scrooge. O tal é um rico empresário igual a muitos do século XIX londrino e os natais advém como espíritos-fantasmas ao velho. Fez essa sátira social em 1843. Na infância, Dickens viveu no bairro Camden Town, com as injustiças sociais gritantes do capitalismo, onde a mão invisível de Adam Smith não consegue deter a pena de uma alma lúcida e livre.
A Inglaterra estava no auge da revolução industrial, com sua indústria têxtil e importação de algodão das Américas numa nova escravidão – roupas todos usam, até papai noel. Assim, os ingleses superaram todas as nações. Com seus encouraçados que nenhuma bala de canhão os afundava, conquistaram portos e mercados que faziam crescer a economia à custa do trabalho penoso de órfãos e órfãs nos teares, em condições insalubres e por doze horas, onde comiam, dormiam e se promiscuíam.
Há casos de alguns ricos que cederam suas fortunas, conseguidas de forma cruel, a benemerências pós mortem, como santas casas e orfanatos. Talvez os anos “de natais perdidos” tenham amaciado o Ebenezer Scroog decadente, imortalizado na sátira de Dickens.
O tal conto é constantemente repetido nas noites de natal, na tevê, no teatro, nos jornais, pois ainda é marco da inconsciência humana. A injustiça da revolução industrial penetrou em outros países de forma sempre desumana, escravizando a classe mais indefesa, no caso da Inglaterra órfãos, órfãs e ingleses pobres.
A injustiça social entrou pelo século XX, na guerra por mercados, e provocou duas guerras mundiais, cujas consequências ainda se fazem sentir no Oriente médio. Então se criou a ONU e a política do bem-estar social como a conhecemos. Welfare State em inglês, o Estado assistencial com padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda, justiça trabalhista, higiene do trabalho e seguridade social a todos os cidadãos.
A partir de Reagan e Margaret Thatcher, na década de setenta do século passado, essa política do bem-estar social começou a perder apoio pela pressão dos políticos neoliberais. Estes são os críticos da “gastança alheia” e defesa de acumulação própria. A teoria do neoliberalismo é a de que se deve favorecer sempre os ricos, não os pobres; pois assim o excesso cairia da mesa do rico à do pobre lázaro. Será?
A despeito da fome, a soja brasileira já está vendida no chamado Mercado futuro das commodities, e por dez anos, até o ano de 2033. Quando o capitalista tem dinheiro de sobra ele reaplica no futuro, no seu negócio ou prazer, como Musk que está fabricando foguetes para passeio no espaço sideral. Vejam o Congresso nacional contra a isenção do Imposto de renda até cinco mil reais do pobre e contra a cobrança de impostos das grandes fortunas dos muito ricos! Os neoliberais são favoráveis a cortar gastos sociais da população e aumentar juros para manter as suas aplicações.
E os natais futuros?! O de 2024 está vendido?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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