A nova fuga do líder separatista catalão
O líder separatista parece ter dado um grande olé na polícia espanhola. De acordo com um colega, já está a caminho da Bélgica, onde seguirá em autoexílio
Há 7 anos o rosto de Carles Puigdemont ganhou os holofotes do noticiário internacional. O político liderou o fracassado processo de independência da Catalunha. Durante meses esteve à frente das manifestações no Parlamento e nas ruas de Barcelona empunhando a bandeira “Estelada”, símbolo do separatismo catalão. Como sabemos, a história não teve final feliz: a Catalunha não se tornou um novo estado independente e alguns líderes do movimento foram presos. Nesta semana, a saga ganhou ares de ilusionismo com o desaparecimento de Puigdemont.
Após longos anos em autoexílio na França, o político finalmente resolveu voltar à sua terra natal. De carro, cruzou a fronteira com a França e chegou a Barcelona, onde se realizaria a cerimônia de escolha do novo chefe do executivo da região autônoma. Do lado de fora do parlamento, fez um discurso caloroso para um grupo numeroso de seguidores. ”Vim lembrar que ainda estamos aqui", asseverou. Era esperado que, após a breve fala, ele se entregasse à polícia. Explico: ao contrário de outros líderes independentistas, Puigdemont não foi beneficiado pela anistia, aprovada pelo parlamento espanhol, pois também é acusado de usar recursos públicos de forma indevida. No entanto, como num passe de mágica, após o discurso, o político sumiu do mapa.
O sonho de Puigdemont parecia se tornar realidade em 27 de outubro de 2017, quando o Parlamento catalão aprovou uma resolução para declarar a independência da Catalunha, umas das 17 comunidades autônomas do país. Com a imediata e dura reação de Madri, e para evitar a prisão, saiu de fininho de carro, camuflado, em direção à Bélgica e se instalou em Waterloo, cidade histórica que marcou a derrota de Napoleão.
Durante sete longos anos, Puigdemont, líder do partido de centro-direita-nacionalista-catalão Junts, ficou fora da Espanha. Por duas vezes foi preso, mas solto logo em seguida. Do exterior, participou de eleições, chegando a se eleger eurodeputado em 2019, liderou seu partido, e alimentou o sonho de, um dia, como Bonaparte, voltar em grande estilo, à presidência de um país independente.
Morando há alguns meses na Catalunha, não é difícil atestar a força da identidade catalã. No rádio, rara é a emissora que transmite em castelhano. O idioma catalão, falado em todos os cantos, é utilizado nas repartições públicas, nos mercados, nas escolas. Orgulhosos, muitos moradores fazem questão de repetir “sou catalão, não espanhol”. A região é uma potência turística e econômica. Mas tudo isso não foi suficiente para fazer da terra de Antoni Gaudí uma nação independente. Por mais forte e enraizado que seja o movimento separatista, não conseguiu reunir forças para bater de frente com o governo central espanhol.
As eleições de maio para o parlamento catalão revelaram o cansaço do povo para com o processo independentista, que, para muitos analistas, consumiu tempo e dinheiro. O candidato vencedor, Salvador Illa, moderado, do partido socialista e aliado do primeiro-ministro Pedro Sánchez, ganhou o pleito com a promessa de virar a página e cuidar melhor dos serviços públicos, segundo ele, negligenciados durante o governo dos partidos independentistas. “A Catalunha tem que olhar pra frente”, disse em seu discurso de posse.
Enquanto isso, do lado de fora do legislativo, a polícia seguia na caça a Puigdemont, bloqueando estradas, vasculhando todos os cantos. O líder separatista, no entanto, parece ter dado um grande olé na polícia espanhola. De acordo com um colega de partido, já está a caminho de Waterloo, na Bélgica, onde seguirá em autoexílio.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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