A rã e o sapo
Uma fábula antropofágica inspirada em Oswald de Andrade
A rã e o sapo
batendo papo:
você até parece comigo
mas nem tente
me convencer;
você não é
meu parente
você até parece
que não é como a gente
ou seja, animal;
você parece gente
E pula tanto por que?
Porque está contente?
Ah, já sei, vai encontrar
a namorada
ou namorado, de repente
Nem queira me cantar
já tenho pretendente
não queira me montar
seja um sapo decente
E o sapo respondeu:
mas que rã diaba!
não coaxei para você
sai da minha aba!
Você não é o meu tipo
linda e leve, toda prosa
por fora, bela viola
mas que língua venenosa!
Saiba que estou numa boa
você não é a primeira;
só que eu vou pra lagoa
e você pra frigideira
E a rã:
Que conversa mais careca
você não é nada disso
ganha uma merreca
com ninguém tem
compromisso
Com você não quero nada
nem hoje, nem amanhã
de mais a mais, camarada
você é só uma rã
Eu sou uma rã
mas uma rã muito macho
não vem me gozar
que eu te esculacho
ponha-se no seu lugar
eu por cima
você por baixo
E nem pense em sair
para as suas folias
vamos ficar juntinhos
por ao menos 15 dias
E assim bem abraçados
ninguém nos vai separar
e no tempo aprazado
você vai engravidar
eu vou ficar orgulhoso
contar para o mundo inteiro
e mais que ansioso
chamar o sapo-parteiro
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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