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Wilson Luiz Muller

Integrante do Coletivo Auditores Fiscais pela Democracia (AFD)

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A Receita Federal vai se levantar para exigir a saída do Secretário Tostes

A Receita Federal vai se levantar. Pois se não o fizer, estará concordando com a defesa de Flávio Bolsonaro, filho do presidente, de que no interior da Receita Federal atua uma “organização criminosa”

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O jornalista Guilherme Amado, em sua coluna da Revista Época do dia 25/10/20, faz uma revelação estarrecedora:

“FLÁVIO BOLSONARO QUESTIONOU CHEFE DA RECEITA SOBRE HISTÓRICO DE PESQUISAS DE SEU NOME”

“No terceiro encontro, em 17 de setembro, desta vez com a presença de Flávio, Tostes Neto mostrou aos presentes uma planilha, com datas e nomes de quem havia acessado o perfil do senador, mas o Flávio reclamou ao não ver as datas em que ele apresentou suas declarações de renda — que não necessariamente deveriam constar do documento.

Os fatos sobre esse dia constam de um registro feito pela Inteligência do governo.”

Antes dessa reportagem, sabia-se apenas que o presidente da República tinha ordenado que Receita Federal, GSI e ABIN ajudassem a encontrar elementos para ajudar na defesa do seu filho Flávio Bolsonaro, o que já se revelava um fato grave.

As revelações mais recentes são ainda mais graves, pois confirmam – a não ser que o Secretário da Receita Federal do Brasil (RFB) venha a público desmentir a reportagem – que a operação foi concluída; ou seja, o Secretário RFB entregou as informações sigilosas a Flávio Bolsonaro, filho do presidente.

 A Receita Federal vai se levantar para exigir a demissão do Secretário RFB porque ele entregou dados sigilosos a um contribuinte detentor de uma condição privilegiada, por ser filho do presidente da República;

A Receita Federal vai se levantar porque o Secretário RFB revelou, para pessoas com vínculos notórios com as milícias cariocas,  a identidade dos servidores que acessaram, no exercício regular de suas funções, os bancos de dados referentes aos contribuintes Flávio Bolsonaro e/ou Fabrício Queiroz;

A Receita Federal vai se levantar porque o Secretário RFB usou do seu cargo de chefia no atual governo para fazer prevalecer os interesses escusos de um contribuinte privilegiado  contra os interesses gerais da administração tributária;

A Receita Federal vai se levantar porque seu quadro de funcionários se pauta pela legalidade estrita;

A Receita Federal vai se levantar porque o Secretário cometeu um ato ilegal, fornecendo, de modo informal, dados sigilosos a um contribuinte poderoso e protegido pelo Palácio do Planalto;

A Receita Federal vai se levantar porque os Auditores Fiscais e os Analistas Tributários nunca aceitaram o cometimento de ilegalidades, nem para prejudicar determinados contribuintes nem para beneficiar os familiares do governante de plantão;

A Receita Federal vai se levantar porque os atos do Secretário RFB constituem uma humilhação inédita para todos os servidores da Receita Federal;

A Receita Federal vai se levantar porque seus servidores não são covardes;

A Receita Federal vai se levantar porque seus servidores tem consciência de suas competências legais e de suas responsabilidades, não podendo por isso, ficar inertes e omissos ante as afrontas cometidas pelo RFB;

A Receita Federal vai se levantar porque a sociedade está cansada desse jogo ilegal e subterrâneo no qual os poderosos se safam das punições, enquanto que aos mais indefesos são impostas faturas e punições cada vez mais pesadas;

A Receita Federal vai se levantar porque sabe que ninguém de fora virá para socorrê-la contra esse aparelhamento que irá destruí-la enquanto instituição;

A Receita Federal vai se levantar porque precisa defender a segurança dos servidores cuja identidade foi revelada às milícias cariocas;

A Receita Federal vai se levantar. Pois se não o fizer, estará concordando com a defesa de Flávio Bolsonaro, filho do presidente, de que no interior da Receita Federal atua uma “organização criminosa”. 

 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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