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    Ricardo Kotscho

    Ricardo Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.

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    Agora é tarde: se eleição fosse hoje, Haddad venceria por 42% a 36%

    "É simplesmente inacreditável que o país continue sendo governado por um cidadão que nega as pesquisas, a ciência e a cultura e só acredita nas suas sandices terraplanistas", diz Ricardo Kotscho, Jornalista pela Democracia. "Só resta ao indigitado chamar de comunistas as 2.878 pessoas com mais de 16 anos ouvidas pelo Datafolha em 175 municípios"

    Depois de amarelar, Bolsonaro confessa que tem medo de enfrentar Haddad (Foto: Ricardo Stuckert | Reuters)

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    Por Ricardo Kotscho, para o Balaio do Kotscho e Jornalistas pela Democracia - Bastaram apenas oito meses de governo para a maioria do eleitorado se arrepender da barbaridade que cometeu em outubro do ano passado, ao dar a vitória a Jair Bolsonaro para derrotar o PT.

    Esta é a revelação mais importante da nova pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira, que resume os demais índices, todos eles negativos para o alucinado ex-tenente expulso do Exército que derrotou o professor Fernando Haddad.

    Se a eleição fosse hoje, informa o levantamento, Haddad derrotaria Bolsonaro por 42% a 36%, fora da margem de erro. Mas agora é tarde.

    Com sua popularidade derretendo, o presidente ainda é aprovado por apenas três entre cada dez brasileiros.

    A avaliação positiva de ótimo/bom despencou para 29%, enquanto a de ruim/péssimo subiu de 3% para 38%.

    Diante desses números, qual foi a reação de Bolsonaro ao sair do Alvorada, hoje cedo, e se debruçar no gradil do chiqueirinho dos repórteres?

    “Alguém acredita no Datafolha? Você acredita em Papai Noel? Outra pergunta!”, disparou o ocupante do Palácio do Planalto, como se os repórteres fossem culpados pelo estrago na sua imagem.

    Não sei o que os colegas lhe responderam, mas a pesquisa mostra que 44% dos entrevistados nunca confiam no que o presidente fala.

    Como vive numa realidade virtual, isolado na sua bolha, a sua primeira reação é sempre essa: se os números lhe são desfavoráveis, chuta com os dois pés e chama a próxima pergunta.

    É simplesmente inacreditável que o país continue sendo governado por um cidadão que nega as pesquisas, a ciência e a cultura e só acredita nas suas sandices terraplanistas.

    Na análise dos diretores do Datafolha que acompanha a pesquisa, Mauro Paulino e Alessandro Janoni resumem a ópera:

    “Com tom belicoso, Bolsonaro arrisca pregar apenas para convertidos”.

    À medida em que desce a ladeira, porém, ele vai ficando cada vez mais beligerante e não dá o menor sinal de que pretende se comportar como um presidente da República.

    Para 32% do eleitorado, ele não está à altura do cargo “em nenhuma situação”.

    A erosão da aprovação a Bolsonaro se deu em todas as faixas etárias, níveis de renda e regiões do país.

    No nordeste, a rejeição ao presidente já chega a 52%.

    A rejeição ao presidente se dá principalmente entre mulheres (43%), eleitores com renda superior a 10 salários mínimos (46%), desempregados (48%) e pretos (51%).

    Evangélicos neopentecostais (46%) e empresários (48%) estão entre os que mais o apoiam ainda.

    Bolsonaro é o mais mal avaliado entre os presidentes eleitos nos primeiros oito meses de mandato: tem 38% de ruim/péssimo, contra 15% de FHC, 10% de Lula e 11% de Dilma.

    Só resta ao indigitado chamar de comunistas as 2.878 pessoas com mais de 16 anos ouvidas pelo Datafolha em 175 municípios.

    Vida que segue.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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