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    Roberto Moraes

    Engenheiro e professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ)

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    Alzheimer digital: risco a ser evitado!

    Essa nossa mania digital pode estar nos levando ao risco de um humano contemporâneo, em processo acelerado de desmemorização, diz Roberto Moraes

    (Foto: Reprodução)

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    Alzheimer é uma terrível, dolorosa e conhecida doença que afeta os idosos. Trata-se de uma demência neurodegenerativa desenvolvida no sistema nervoso que decorre, possivelmente, do processamento de certas substâncias.

     Num paralelo, surgido da mania de “pensar alto”, é possível estimar que essa nossa mania digital de guardar nossas memórias nas “nuvens” e nos socorrer do buscador Google e outros, pode estar nos levando ao risco de um humano contemporâneo, em processo acelerado de desmemorização.

    Um sujeito - ainda prematuramente - solto no tempo e no espaço, sem (ou com poucas) memórias, identidades, história e com vínculos mais frágeis com o passado que parecerá sempre ser de outro.

    Cada vez mais nos sentimos nessa situação. Faltam palavras para exprimir ideias, para lembrar datas, pessoas, fatos, nomes e conceitos e, dessa forma, recorremos a essa muleta digital. Em troca ela recebe e arquiva nossos dados, realizando assim, uma “guarda” externa de partes importantes de nossa memória.

    A memória é algo interessante. Uma capacidade de reter fatos, ideias, sensações, pensamentos. Mais ligada a um passado vivido, mas também pode ser prospectiva e mistura impressões que outros viveram. Podendo ser ainda memórias destas relações comparativas.

    A memória é abstrata nas intenções e concreta nos arquivos. Individual e coletiva. Psicológica e importante para reter singularidades que ajudam na sanidade mental, mas também sociológica das lembranças das relações entre pessoas

    A sua falta leva à perda do sujeito. Recuperar ou reter a memória é questão humana. Vacinas e remédios também se tornam urgentes contra o “Alzheimer digital”.

    Medidas para deter o novo-velho distúrbio cerebral, interrompendo a progressividade ou mesmo buscando sua reversibilidade com retomada da memória e das habilidades de pensamento daí derivadas.

    Ao contrário da doença original, esse distúrbio tende a afetar a todos que vivemos imersos no mundo digital que nos invade por longos períodos diários entre computadores, tablets e celulares.

    Porém, de forma especial nesse caso, as maiores vítimas, podem ser as gerações mais novas (Z e Y), exatamente, aquelas que ainda possuem pouco passado e memórias, hoje já transmutadas, quase autonomamente e, de forma tenra, para os drives e nuvens das Big Techs: Google, Microsoft e Amazon.

    O pensamento crítico que articula as várias pontas desse potente fenômeno é uma forma de cuidar da nossa memória, mas também de articulá-las para interpretações e leituras sobre essas transformações contemporâneas. 

    Seria dever do Estado cuidar da saúde coletiva e da sanidade dos sujeitos. Nesse mundo distópico e encantado de forma pueril com a tecnologia observamos que estamos nos distanciando desse dever. Assim, cuidemo-nos, pois!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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