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    Jeferson Gomes

    Publicitário, colunista do Fala de Política no Substack, comentarista da Map Mídia e editor, com experiência em jornalismo digital pela Reuters

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    Anistia à beira do colapso: Alexandre de Moraes e a nova escalada bolsonarista

    A defesa de anistias, até então promovida como um gesto de pacificação, agora se revela um perigoso flerte com a impunidade

    Jair Bolsonaro em ato na Avenida Paulista, São Paulo-SP, 7 de setembro de 2024 (Foto: Reuters)

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    Os eventos recentes em Brasília colocaram em xeque o discurso de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. O atentado terrorista no Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizado por Francisco Wanderley Luiz, o “homem-bomba do STF”, destruiu qualquer narrativa de reconciliação nacional. Vestido como Coringa, personagem simbólico do caos, o terrorista evidenciou que os extremistas alimentados pelo bolsonarismo não buscam paz, mas sim vingança contra os que consideram inimigos da pátria.

    A fixação do atacante pelo ministro Alexandre de Moraes, símbolo de resistência institucional contra os golpistas, é um reflexo direto do discurso inflamado de Jair Bolsonaro e seus aliados. Desde as redes sociais até os púlpitos políticos, Moraes foi transformado em um alvo constante, acusado de liderar uma suposta perseguição contra “patriotas”. Esse discurso não apenas perpetuou o ódio, mas incentivou atos como o de Wanderley, que via os golpistas presos como heróis e seus atos, como insuficientes.

    A “anistia” como farsa política - O ataque expôs a fragilidade do argumento pela anistia aos golpistas. O discurso, travestido de apelo à conciliação, nunca foi sobre os réus e condenados, mas sobre a proteção de uma elite bolsonarista que teme a responsabilização. Financiadores, articuladores e políticos envolvidos nas tramas golpistas enxergavam na anistia um escudo contra investigações que, inevitavelmente, chegarão às suas portas.

    Porém, a explosão na Praça dos Três Poderes tornou insustentável a defesa de um perdão coletivo. A anistia, que já era vista com ceticismo, desmoronou sob o peso de um novo ataque terrorista. Extremistas como Wanderley Luiz deixaram claro que a reconciliação é uma ilusão, pois os radicais não aceitam outra narrativa que não seja a do retorno de Bolsonaro ao poder e a eliminação simbólica e política de seus opositores.

    Os efeitos da radicalização permanente - A tragédia também escancara o perigo de uma democracia complacente. A falta de punição rigorosa aos atos de 8 de janeiro teria aberto as portas para novos ataques, como aconteceu nos Estados Unidos após a invasão do Capitólio. Lá, Donald Trump, mesmo condenado e envolvido em diversas ilegalidades, conseguiu manter sua elegibilidade e agora retorna ao poder, fortalecendo a aposta na radicalização.

    No Brasil, a firmeza do STF em processar e punir os envolvidos é um diferencial que ainda mantém a democracia de pé. Entretanto, a resistência a essas ações judiciais continua. A direita radical, embalada por vitórias eleitorais locais e internacionais, como a de Trump, encontrou novo fôlego para pressionar as instituições e disseminar desinformação.

    O papel de Alexandre de Moraes e o futuro da democracia - O ministro Alexandre de Moraes se tornou, ao mesmo tempo, uma figura central na defesa da democracia e um alvo prioritário dos extremistas. Sua atuação à frente das investigações e julgamentos dos atos golpistas é essencial para mostrar que o Brasil não será conivente com tentativas de subversão institucional.

    Os recentes ataques deixam claro que a democracia não pode se dar ao luxo de perdoar aqueles que atentam contra sua própria existência. A tentativa de golpe de 2023 e os desdobramentos mais recentes não são meros episódios isolados, mas partes de uma estratégia maior que visa minar o estado democrático de direito.

    A defesa de anistias, até então promovida como um gesto de pacificação, agora se revela um perigoso flerte com a impunidade. O ataque ao STF simboliza que ceder ao discurso de “perdão” não trará paz, mas sim novas ondas de ódio e violência. Enquanto os lobos da radicalização rondarem as instituições, a única resposta aceitável será a justiça firme e implacável.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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