Anomia, os caminhoneiros, intervenção e a queda da política
O país está se desmanchando. O que os grevistas nos mostram é a total insatisfação com o atual modelo da política e de governo. O que se pede e se quer é uma nova forma de governo, embora eles não saibam qual é, mas sabem que não é o que temos aí
De uma forma geral os políticos criaram um mundo próprio distante e diferente do real eque quase nunca o frequentam. Os seus objetivos são voltados para os seus interesses e dos seus aliados. As suas eleições e reeleições são o que importam.
É o caso agora do Congresso e até do presidente da República. Todos só pensam na reeleição - ou em sobreviver em relação à Lava jato, caso do presidente Temer. Outro exemplo concreto ocorreu na semana passada aqui mesmo em Alagoas.
O protagonista foi o ex-ministro do Turismo, Marx Beltrão. Ele divulgou vídeo defendendo os caminhoneiros. Ridicularmente sem uma palavra de apoio ao governo que serviu (ou se serviu?), sequer para intermediar qualquer coisa como deputado federal. Atitude soou como oportunismo.
A palavra mais usada neste momento sobre a greve dos caminhoneiros e o momento do país é 'anomia', que significa um "estado social de ausência de regras e normas, onde os indivíduos desconsideram o controle social que rege determinada sociedade". Tudo a ver, de fato.
O país está se desmanchando. O que os grevistas nos mostram é a total insatisfação com o atual modelo da política e de governo. O que se pede e se quer é uma nova forma de governo, embora eles não saibam qual é, mas sabem que não é o que temos aí. Portanto, o movimento é difuso, mas é também um grito contra a roubalheira protagonizada pelos políticos e partidos.
A visão geral deles, e de boa parte da sociedade, é de que a democracia falhou. Por isso tantos pedem intervenção militar. Desse sentimento ressoa um certo ar de autoritarismo de forma bastante acentuada neste momento. Especialmente porque não há liderança qualificada no mercado da política. Pelo contrário.
E o fundo do poço ainda não foi revelado.
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