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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    As facções, os machos, os eleitores e todos os cúmplices fáceis do fascismo brasileiro

    "Bolsonaro, Mamãe Falei e a extrema direita mundial descobriram que submeter vastos contingentes à hipnose do fascismo são tarefas fáceis", diz Moisés Mendes

    (Foto: Reprodução)

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    Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia 

    A viagem do deputado Mamãe Falei à Ucrânia ficaria na antologia do folclore da guerra, se não fosse a ostentação do macho incontrolável.

    A viagem não foi a farra macabra de um sujeito que se revela farsante até como mercenário. A excursão e seus desdobramentos são da essência da degradação da política brasileira.

    Bolsonaro, os filhos de Bolsonaro e todos os que estão no entorno do bolsonarismo cometem atitudes só aparentemente absurdas. Porque tudo para eles é fácil. O brasileiro é considerado fácil.

    Mamãe Falei foi a Ucrânia mentir que fabricaria coquetéis Molotov para enfrentar os russos, assim como Bolsonaro disse ter ido a Moscou para assegurar para o agro-é-pop que haveria adubo para sempre.

    Para garantir o abastecimento de adubo, Bolsonaro levou 32 militares e o filho Carluxo a uma conversa com Putin. E boa parte da imprensa se dedicou a explicar a lógica da viagem de Bolsonaro, assim como Mamãe Falei tentou dar sentido à viagem à Ucrânia.

    A barbeiragem cometida pelo amigo de Sergio Moro ao espalhar o áudio entre membros da sua facção é apenas o acidente no roteiro.

    Era previsto que ele sairia a alardear que as mulheres estariam lá aguardando seu retorno, depois da guerra. Aí elas iriam ver o que é o machão brasileiro.

    Mas não era previsto que alguém vacilasse como macho e vazasse o áudio, talvez um macho inseguro, sem as mesmas convicções do restante da turma.

    Bolsonaro também acha que o eleitor brasileiro é fácil. Antes do segundo turno de 2018, ele anunciou que mataria os inimigos na ponta da praia. Ele era ali um Mamãe Falei. O eleitor era fácil e o inimigo também.

    Bolsonaro já mostrou que faz o que quiser com o eleitor da sua base. Tudo com facilidade. É fácil ser negacionista e sabotar a imunização de velhos e crianças e continuar com 25% de apoio, porque é fácil enganar.

    Os brasileiros são fáceis para Bolsonaro, para os militares, o centrão, os milicianos. Não porque sejam pobres, como disse Mamãe Falei das mulheres ucranianas, até porque muitos dos fáceis brasileiros são ricos. Simplesmente porque são fáceis.

    Bolsonaro, Mamãe Falei e a extrema direita mundial descobriram que convencer, assumir controles e submeter vastos contingentes à hipnose do fascismo são tarefas fáceis. Pessoas em desalento se tornaram presas fáceis, ou não teriam levado Bolsonaro ao poder.

    Se em algum momento a engrenagem falha, é só porque Mamãe Falei faz parte da ala da chinelagem e mexeu com o poder das mulheres.

    Se Bolsonaro tivesse dito algo parecido com o que o deputado amigo do ex-juiz suspeito disse, não aconteceria nada. Seria apenas mais uma fraquejada ou a livre manifestação de quem, segundo o genocida, não estupra mulher que não merece ser estuprada.

    Bolsonaro foi eleito como incentivador de estupros. Nada é difícil para o sujeito, em qualquer área. Foi fácil para a estrutura montada por ele levar adiante as quadrilhas da pandemia, que intermediaram os negócios da cloroquina e estavam prontas para vender vacinas.

    Nunca foi tão fácil para o fascismo agir com a conivência de setores do empresariado, de um jeito que não existiu nem na ditadura.

    A elite empresarial é dócil e fácil. Os banqueiros são fáceis. O mercado financeiro é facílimo. Os liberais brasileiros nunca foram tão fáceis. E os militares facilitaram tudo.

    Com um Ministério Público fácil, tudo fica ainda mais facilitado para proteger os filhos e os milicianos que protegem os filhos.

    O sistema de Justiça é fácil para o bolsonarismo. Mas as mulheres brasileiras não são fáceis. As mulheres vão derrotar a extrema direita no Brasil.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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