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    Mauro Nadvorny

    Mauro Nadvorny, é Perito em Veracidade e administrador do grupo Resistência Democrática Judaica". Seu site: www.mauronadvorny.com.br

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    Ave Putin

    Nenhum humanista pode apoiar esta guerra, muito menos encontra justificativas para ela, eu me nego a fazê-lo

    Presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia) mais tropas russas em solo ucraniano ao fundo (Foto: Reuters)

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    Alguém lembra do termo “Cortina de Ferro”? Ele foi criado criada pelo escritor russo Vasili Rozanov, e se referia à separação estabelecida no Leste Europeu, região controlada pelo antiga União Soviética ao final da Segunda Guerra Mundial.

    Nem todos os seus membros concordavam em fazer parte deste bloco, países como Alemanha Oriental, Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Bulgária, Romênia, Ucrânia, Armênia, os países bálticos (Estônia, Lituânia e Letônia) e Cazaquistão, tiveram seus governos impostos pelos respectivos Partidos Comunistas alinhados com Moscou.

    Não havia nada parecido com uma democracia. Eleições foram suprimidas e todos estes países foram forçados a se submeterem ao regime comunista com partido único. As tentativas de liberdade foram suprimidas com o uso da força. Assim foi, por exemplo a Primavera de Praga.

    A Primavera de Praga ocorreu em 1968. Alexander Dubček afastou, Chefe de Estado e Secretário Geral do Partido Comunista da Tchecoslováquia, afastou as lideranças autoritárias do poder e adotou medidas reformistas que visavam uma abertura política do país. Este movimento contou com o apoio de grande parte da população da Tchecoslováquia, principalmente de estudantes, intelectuais e operários.  

    O objetivo de Dubček era o de ampliar as liberdades individuais e os direitos civis da população tchecoslovaca. Assim, ele descentralizou parcialmente a economia, democratizou a política, incentivou as ciências e as artes, e aumentou as liberdades de imprensa e de expressão. Tratava-se de uma tentativa de criar uma “social-democracia”, ou um “socialismo com rosto humano”.

    A então União Soviética reage e exige o fim das reformas de Dubček. Invade a Tcheco Eslováquia utilizando o exército do Pacto de Varsóvia. Meio milhão de soldados e sete mil tanques de guerra reprimem o movimento. 

    Alexander Dubček é sendo afastado do Partido Comunista e Gustáv Husák assume o governo. Ele acaba com as reformas e reinstaura um sistema político fechado, burocrático e autoritário. 

    Menos conhecido, mas não por isso menos importante foi o levante na Hungria em 23 de outubro de 1956. Uma manifestação organizada pelo Círculo Petofi. Estudantes e intelectuais húngaros, contrários as condições de vida e contra o governo comandado pelo Partido Comunista, liderado por Ernö Gerö, pedem a volta de Imre Nagy, figura que representava um distanciamento da URSS e a possibilidade de adoção de algumas medidas democráticas no país.

    Nagy é nomeado primeiro-ministro com o objetivo de acalmar os ânimos. O partido comunista passa a ser liderado por Janos Kadar, que fora reabilitado após sofrer pena por crimes políticos.

    Porém, os estudantes, operários e soldados não se contentaram com as mudanças. De uma luta política, a revolução passa a ser também uma luta econômica e social.

    A liderança do movimento não estava satisfeita e fábricas foram ocupadas com comitês formados por operários para geri-las. Surgiram conselhos revolucionários em Budapeste e em outras cidades, nos dias seguintes, para organizar a população contra a reação soviética que se fazia sentir. 

    A “Revolução Húngara” era uma clara ameaça para a União Soviética pois poderia alastrar-se para os demais países, ameaçando o Pacto de Varsóvia. Os soviéticos não podiam aceitar a ameaça a seu poder, e em 04 de novembro, os tanques do Exército Vermelho entram em Budapeste, reprimindo brutalmente a revolução. Cerca de 20 mil húngaros foram mortos, contra pouco mais de 700 soldados soviéticos. Era o fim da Revolução Húngara.

    Vladimir Putin foi oficial da KGB, o serviço secreto da União Soviética, por 16 anos, chegando à patente de tenente-coronel. Em 1991 se aposenta das atividades militares e ingressa na política, em sua cidade, São Petersburgo. Ele se muda para Moscou em 1996, para fazer parte da administração do então presidente Boris Iéltsin, tornando-se presidente interino em 31 de dezembro de 1999, quando o presidente Iéltsin renunciou ao cargo inesperadamente. No ano seguinte ele vence a eleição e trona-se Presidente da Rússia, sendo reeleito em 2004. Impedido de concorrer para um terceiro mandato em 2008, uma vez que a Constituição russa só permitia dois mandatos consecutivos, ele consegue com que seu aliado Dmitri Medvedev seja eleito e é nomeado primeiro-ministro do país. Em setembro de 2011, Putin anunciou que concorreria a um terceiro mandato nas eleições do ano seguinte e acaba sendo eleito. Muda a Constituição para acabar com o limite de reeleição e permanece no poder até hoje.

    Putin, assim como a Rússia, nunca conheceu uma democracia. Os russos saudosos da Grande Rússia jamais aceitaram a perda de seus satélites do Pacto de Varsóvia e suas repúblicas associadas a União Soviética. Putin é o expoente desta linha e se comporta como um Imperador Romano.

    Os países que conseguiram sair do jugo russo sabem que não podem confiar no antigo algoz. Não possuem os meios, nem as condições para se defenderem sozinhos, se um dia o antigo império desejar retomar seus dias de glória os incorporando, um a um ao seu jugo.

    Cada um à sua maneira, e no seu tempo, tentam fazer parte da Comunidade Econômica Europeia e da OTAN. Desta maneira, em 2004 a união europeia avançou sobre o leste europeu com a adesão de mais dez países, cuja maioria esteve vinculada ao mundo socialista até o final da década de 1980. São eles Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Eslovênia, Chipre e Malta. Em 2007, 50 anos após a assinatura do Tratado de Roma, Bulgária e Romênia entraram na UE, ao mesmo tempo em que a Eslovênia passou a integrar a Zona do Euro.

    Em 1991, a Otan incorporou a Polônia e República Checa, em 1999, Romênia, Bulgária, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Lituânia e Letônia, em 2004, Albânia e Croácia, em 2009, Montenegro, em 2017, e Macedônia do Norte, em 2020.

    Todos estes países são regimes democráticos que em nada se parecem com a Rússia. Todos conheceram no seu passado recente o significado de conviver sob a mira de um canhão russo sobre eles. Fizeram suas escolhas como países independentes e assim devem ser respeitados.

    A falácia de que a OTAN, através destes países, representa um perigo para a Rússia não se sustenta. Nenhum deles possui armamento dela capaz de permitir um ataque a ela, muito menos um exército capaz de invadi-la. A OTAN não possui mísseis nestes territórios que possam ameaçar a Rússia. Todos eles pensaram no óbvio, que é justamente o que acontece com a Ucrânia, se garantirem de uma invasão russa contra seus territórios. 

    Esta guerra absurda que consome vidas inocentes a cada hora, tem um único culpado e ele se chama Vladimir Putin. Nenhum democrata do espectro político que vai da esquerda a direita, pode concordar com esta invasão absurda que aconteceu sem qualquer justificativa plausível. A Ucrânia foi escolhida justamente por não pertencer a União Europeia e nem a OTAN. Uma covardia típica de tiranos.

    Tentar encontrar desculpas e culpados, outro que não Putin, para o que estamos vendo, é procurar pelo em ovo. Nem vou me dar ao trabalho de contestar os absurdos como desnazificar a Ucrânia, a culpa dos é dos EUA, da OTAN e outras teorias conspiratórias que sequer merecem ser mencionadas. 

    Nenhum humanista pode apoiar esta guerra, muito menos encontra justificativas para ela, eu me nego a fazê-lo.

    Foram consultados para este artigo os sites Quero Bolsa, História do Mundo, Wikipédia e Valor Econômico. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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