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    J. Carlos de Assis

    Economista, doutor em Engenharia de Produção pela UFRJ, professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba e autor de mais de 20 livros sobre economia política.

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    Barroso quer desviar escândalo do Intercept para a Petrobrás

    "Foi patético o discurso do ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, difundido pelo Jornal Nacional na sexta-feira (2). No mais despudorado exercício silogístico, recurso desesperado para subestimar o alcance das revelações do Intercept, ele teve a ousadia de desqualificar como exageradas as repercussões do que tem sido divulgado pelo site porque seria muito mais importante focar no escândalo da Petrobrás", analisa J. Carlos de Assis

    Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso. (Foto: Luís Roberto Barroso)

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    Foi patético o discurso do ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, difundido pelo Jornal Nacional na sexta-feira. No mais despudorado exercício silogístico, recurso desesperado para subestimar o alcance das revelações do Intercept, ele teve a ousadia de desqualificar como exageradas as repercussões do que tem sido divulgado pelo site porque seria muito mais importante focar no escândalo da  Petrobrás. Se não fosse pela baixaria, eu perguntaria: o que tem o c. com as calças, excelentíssimo ministro?

    Fiz um grande esforço de inteligência para entender por que  ele se meteu a fazer uma comparação tão estapafúrdia. Pareceu claro que ele não entendeu nada do escândalo da Petrobrás. E, por outro lado, esconde deliberadamente os elementos  essenciais das revelações do Intercept. Da Petrobrás ele não sabe que o escândalo resultou do apetite voraz de seis a oito executivos corruptos que de forma alguma comprometeu a empresa, a qual, neste justo momento, anuncia um recorde de lucro trimestral, mesmo já retalhada.

    Além disso, o que se chama escândalo da Petrobrás é um tema surrado. Já foi suficientemente massacrado e explorado pela Globo e o resto da mídia, mediante um jogo sensacionalista que não deixou pedra sobre pedra. O que pretende Barroso com recolocar a Petrobrás no centro da mídia, no lugar das revelações do Intercept? Isso é suspeito. Talvez haja algum rabo preso por aí naqueles diálogos que incomodam tanto o ministro.

    Quanto ao Intercept, ninguém está interessado em saber como foram obtidos os diálogos. A questão é seu conteúdo. E o conteúdo explícito é que o juiz Sérgio Moro e o procurador Dallagnol entraram num conluio espúrio e ilegal para combinar o curso do processo da Lava Jato. Já houve decisão do Supremo validando gravações formalmente ilegais,  aceitando seu conteúdo. E é isso, inexoravelmente, o que deve acontecer à frente, exceto se o Judiciário brasileiro perder toda noção de justiça e honra. 

    A extrema arrogância de Dallagnol e seus comparsas se manifestou de uma forma ainda mais temerária nos diálogos insistentes para investigar ministros do Supremo, como Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Ouvi de algumas pessoas que ninguém, inclusive ministro do Supremo, pode estar acima de investigações do Ministério Público. É verdade. No caso, porém, o que se percebe nos diálogos é a intenção de investigar os ministros sem qualquer indício de crime; ou seja, investigar a pessoa por ser pessoa, e não os fatos.  

    Entretanto, o ministro Barroso acha que nada disso tem muita importância. É puro barulho da imprensa. Deve ser esquecido. Bom, mesmo, para consumo da opinião pública é o escândalo da Petrobrás. Moro e Dallagnol estão acima  de qualquer suspeita. Mais do que isso. Acima de qualquer prova. A investigação da Lava Jato, tendo resultado nas prisões espetaculares de políticos, inclusive de Lula, os redimiria de qualquer pequena culpa processual. Contudo, fica cada vez mais claro que se trata de anjos caídos.  
     

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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