Blindados de Netanyahu assediam o Brasil pela porta dos fundos
Os famosos blindados que implorem por dinheiro em outra freguesia!
Apesar dos esforços da modernidade em favor de normas e regulamentos que nos coloquem no interior de um código de comportamento, com vistas a uma ética, é certo que muitas vezes traímos tais inclinações. Contingências de vários tipos nos conduzem para um lado e para outro, por via de interesses nem sempre confessáveis. Há situações, no entanto, que parecem repudiar, por princípio, semelhantes transgressões porque saltam aos olhos e escandalizam até os mais tenazes liberais no uso dos costumes. A história da venda de blindados israelenses para as nossas Forças Armadas desencadeia um alarme. Benjamin Netanyahu se consagra como um belicista fanático, obcecado em matar, eliminar e riscar do mapa o povo palestino. Com semelhante projeto, briga com todo mundo, incluindo o Secretário-Geral da ONU e o Brasil, por posturas em nome da paz. No geral, foi julgado e condenado como genocida pelo Tribunal Penal Internacional, com mandado de prisão exarado.
Finalmente, nas relações com o governo Lula, hostilizou nosso embaixador e puxou a corda, enquanto não o retiramos e o trouxemos de volta. Não são, efetivamente, atitudes que garantam um respeito mútuo.
Ainda assim, há quem pressione (o Ministro da Defesa, José Múcio, e o Exército) para declarar os tais blindados como vitoriosos nas licitações. Claro que se trata de uma transação indesejável. Não há como comercializar produtos com um país colonial e assassino confesso de populações indefesas. E não há como fechar os olhos para um sentido de honra e dignidade de uma das partes em questão. O senhor José Múcio, excessivamente à vontade em seus comportamentos, tendo em vista posições afirmadas pelo governo, defende alto e bom som a aquisição não aconselhada. E, ainda por cima, desconsidera o respeito que devemos ao Tribunal de Haia. Na verdade, o Ministro da Defesa ultrapassa os limites nos requisitos de sua pasta. Em conferências aqui e ali, critica as razões do Palácio do Planalto, atribuindo conclusões a excessos da mera “ideologia”. Vê nas posturas contrárias uma espécie de teimosia infantil, atrapalhando os devaneios do belicismo tupiniquim. Não leva em conta que existem outros blindados de outros fabricantes, desprovidos de conotações negativas como os que continuam em contestação. Espantoso que um auxiliar com semelhantes desenvolturas permaneça no cargo.
É um feroz defensor de Netanyahu? Acordou com raiva dos palestinos? Não lhe agradam as características de independência da nossa política externa em favor da paz? Ou enlouqueceu e provoca as autoridades para sair do governo? São perguntas que não se calam. Para quem não entende a paciência demonstrada por Lula em relação ao problema, cabe recordar que se justifica enquanto prática de prudência. Nos conflitos que se desencadeiam à sua volta, tornou-se comum deixar que os ânimos esfriem e que as soluções se apresentem. No entanto, não resta dúvida. Os famosos blindados que implorem por dinheiro em outra freguesia!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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