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    Joaquim de Carvalho

    Colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa). E-mail: joaquim@brasil247.com.br

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    Bolsonaro iniciará campanha em Juiz de Fora para trazer à tona caso que gerou censura à TV 247

    Presença de Bolsonaro na cidade mineira procura reforçar mensagem de que representa o bem na luta contra o mal, o que foi facilitado com censura do documentário

    Joaquim de Carvalho, facada em Bolsonaro e Adélio Bispo (Foto: Eric Araújo | Reprodução/TV Globo | PMMG)

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    Por Joaquim de Carvalho

    Jair Bolsonaro iniciará oficialmente a campanha à reeleição por Juiz de Fora, cidade onde houve o espisódio da facada ou suposta facada, em 2018.

    Segundo a Folha de S. Paulo, a escolha da cidade se deve ao fato de que Bolsonaro tenta transformar o processo eleitoral numa narrativa do bem contra o mal.

    Aliados consideram o local simbólico -- prossegue o jornal -- e dizem que o ato foi pensado para representar o "renascimento" do chefe do Executivo.

    Em seguida, a Folha toca no ponto central:

    Suas fontes manifestaram a convicção de que a ida a Minas Gerais "no primeiro dia de campanha reforçará a lembrança de que Bolsonaro foi vítima de um grave ataque que colocou em risco sua vida, o que consideram que ajudará a esvaziar o discurso de que o mandatário estimula a violência política."

    A mensagem que Bolsonaro pretende imprimir à campanha foi facilitada pela censura de que a TV 247 -- e eu pessoalmente -- foi alvo por parte do YouTube, dias antes do início da campanha.

    O documentário censurado, "Bolsonaro e Adélio - Uma fakeada no coração do Brasil", de minha autoria e de Max Alvim, mostra a inconsistência da versão oficial do episódio.

    Adélio não era o militante de esquerda apresentado no inquérito da Polícia Federal. Ele tinha sido filiado ao PSOL, mas sua militância recente o ligava ao PSD de Uberaba, controlado por ruralistas.

    Como pregador evangélico, Adélio também defendia bandeiras bolsonaristas, como combate ao projeto que criminaliza a homofobia e a defesa da redução da maioridade penal.

    O documentário mostrou que a Polícia Federal desprezou a linha do autoatentado, apesar de haver indícios nesse sentido, como a frequência de Adélio ao clube de tiro .38, no mesmo dia em que Carlos Bolsonaro esteve lá.

    Bolsonaristas tentaram derrubar o documentário pela via judicial, mas não conseguiram. Nenhum juiz concedeu a medida, o que foi feito com a decisão de uma das maiores empresas privadas do mundo, que controla o YouTube.

    Em Juiz de Fora, Bolsonaro fará também uma motociata, em que poderá desfilar como uma espécie de vítima da luta do bem contra o mal.

    Agora, em vez do Véio da Havan, ele terá na garupa, metaforicamente, uma big tech. Ou vice-versa.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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