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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    Bolsonaro, o nazismo e o assassino das UTIs

    "Um presidente que defende torturadores e ditadores com naturalidade e cita frases de Mussolini pode se ofender por causa da charge?", afirma o jornalista Moisés Mendes

    (Foto: Aroeira)

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    Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democraia 

    A comunidade judaica foi identificada, logo depois da eleição, como amiga do bolsonarismo. Muitos se acomodaram à vontade ao lado do sujeito que sempre teve suas atitudes associadas ao nazismo.

    Judeus de direita – e outros nem tanto – não tiveram nenhum constrangimento ao fazer a conexão entre Israel, o judaísmo e Bolsonaro. Todos teriam os mesmos interesses.

    O sujeito defendia a transferência da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, como Trump faria com a embaixada americana.

    O gesto político não era bem recebido apenas pela extrema direita de Benjamin Netanyahu, mas por boa parte dos judeus do mundo todo.

    O novo presidente do Brasil estava com eles, até para corresponder à crença dos evangélicos de que Jerusalém é o lugar para onde Jesus voltará um dia.

    Pois o ministro da Justiça de Bolsonaro, André Mendonça, determina agora que a Polícia Federal investigue a possibilidade de crime na charge em que Renato Aroeira mostra Bolsonaro transformando uma cruz, símbolo da área da saúde, em uma suástica.

    O homem que manda invadir hospitais e conseguiu mobilizar grupos de extrema direita contra médicos e enfermeiros se sentiu ofendido.

    Bolsonaro faz acenos frequentes à retórica nazista, expressa simpatia pelo fascismo, mas não pode ser mostrado como alguém que incentiva a agressão a profissionais da saúde.

    Este é o argumento do ministro da Justiça:

    “O pedido de investigação leva em conta a lei que trata dos crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, em especial seu art. 26”.

    O artigo 26 enquadra quem “caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação”.

    A pena é de reclusão de um a quatro anos. O artigo poderia ser usado contra Abraham Weintraub, que pediu a prisão dos ministros do Supremo e os definiu como vagabundos em nome da liberdade de expressão (Weintraub é aquele que teve a criatividade de associar as batidas da Polícia Federal contra quadrilhas bolsonaristas à Noite dos Cristais de 1938 na Alemanha, quando os nazistas incendiaram casas, lojas, edifícios, hospitais e sinagogas).

    Mendonça diz que a investigação será feita a partir do Blog de Ricardo Noblat, que republicou a charge de Aroeira no Twitter.

    Um presidente que defende torturadores e ditadores com naturalidade e cita frases de Mussolini pode se ofender por causa da charge?

    Há centenas de outras charges nessa linha, como aquela da Laerte que mostra Bolsonaro como o clássico assassino do travesseiro, que mata por asfixia nos hospitais.

    Falei com Aroeira hoje à tarde por telefone. O cartunista precisa ter humor até na hora aparentemente ruim. Ele me disse, referindo-se à Secretaria de Comunicação de Bolsonaro, que deve ter acionado o Ministério da Justiça:

    – A Secom acaba se se transformar na Secen, Secretaria da Censura.

    Aroeira vai enfrentar mais uma das tantas barras que já enfrentou. É meu parceiro do Jornalistas pela Democracia e no Brasil 247 e claro que tem total apoio do grupo. Estamos juntos contra nazistas, fascistas e malucos do travesseiro.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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