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    Ricardo Cappelli

    Ricardo Cappelli é secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União Nacional dos Estudantes

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    Bolsonaro vai cair?

    "Sem força objetiva para realizar seus desejos autoritários, Bolsonaro virou o adolescente rebelde que sai de casa e volta na segunda esquina ao perceber que não possui um centavo no bolso. Suas bravatas viraram piada", afirma o colunista Ricardo Cappelli

    Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

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    A prisão de Queiroz, a demissão de Weintraub e a validação do inquérito das fake news pelo STF movimentaram as apostas. A cabeça de Flávio Bolsonaro pode ser a próxima derrota humilhante. Seria o começo do fim?

    O jogo do poder funciona com regras próprias. Uma boa forma de tentar responder à “pergunta do milhão” é pular direto para o final do filme.

    Quem ganha e quem perde com a queda de Bolsonaro? 

    Os fatos, mesmo os mais importantes ou absurdos, modificam peças no tabuleiro, aumentam a pressão, mas não tomam a decisão. 

    Rodrigo Maia já deixou claro que não pretende pautar o impeachment. Não quer correr o risco de acabar como Ibsen Pinheiro ou Eduardo Cunha. Sem povo nas ruas, o Congresso vai derrubar o capitão numa sessão virtual? 

    O principal ganhador seria Mourão. O vice faz de tudo para se inviabilizar. Interessa aos demais atores políticos entronizar um bolsonarismo sem Bolsonaro?

    O TSE vai cassar a chapa? Novas eleições seriam convocadas. Doria poderia concorrer? Moro e Huck, sem filiação partidária, estariam habilitados? Lula, inabilitado, continuaria excluído. Esta solução interessa a quem? A agenda liberal seria ratificada nas urnas?

    O único setor da classe dominante que deseja a queda do presidente é a Globo. Ela pode muito, mas não pode tudo. Os donos do dinheiro continuam fechados com a agenda de Guedes. 

    O ministro da Economia anunciou que só as reformas salvam o Brasil. Um misto de fanatismo ideológico e cinismo - querem aproveitar a crise para liquidar o estado brasileiro. 

    O “Posto Ipiranga” virou uma espécie de “seguro-problema”. Se aplicar seu programa - engolido pela pandemia e abolido no mundo inteiro -, o risco da popularidade do governo derreter é enorme. Se demitir o devoto de Chicago, o presidente perde o apoio da Banca e pode cair.  

    Culpar os governadores pela crise econômica parece ser seu único recurso.

    O capitão vai aprendendo da pior forma possível que não existe poder ilimitado. O poder é ele mesmo e suas circunstâncias. Está sempre submetido à correlação de forças do momento. 

    Sem força objetiva para realizar seus desejos autoritários, Bolsonaro virou o adolescente rebelde que sai de casa e volta na segunda esquina ao perceber que não possui um centavo no bolso. Suas bravatas viraram piada.

    Está morto? Ninguém morre com 1/3 da população ao seu lado. Mas governar é outro papo. Conservar este apoio popular com as mortes escalando e a economia derretendo não será nada fácil. 

    Em função da falta de interessados e da bengala liberal, o mais provável é um presidente fraco, cada vez mais tutelado e cercado, até as próximas eleições.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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