Bozonauta
"Trata-se, afinal de um pseudocientista que convive alegremente com imbecis que acreditam que a terra é plana e que as vacinas inoculam doenças e comunismo em crianças", escreve Leandro Fortes, do Jornalistas pela Democracia, sobre o ministro Marcos Pontes
Por Leandro Fortes, do Jornalistas pela Democracia
De carona na Soyuz, a nave russa que o levou ao espaço, em 2006, o astronauta Marcos Pontes torrou 10 milhões de dólares dos cofres públicos brasileiros para plantar feijões em algodão molhado e, no horário nobre, aparecer no Jornal Nacional fazendo travessuras em gravidade zero.
Era tenente-coronel da Aeronáutica, mas, assim que botou os pés de volta à Terra, pediu as contas, foi para a reserva e passou a frequentar programas de auditório, até, finalmente, se transformar em garoto-propaganda de travesseiros ditos da Nasa – na verdade, umas porcarias de esponja ordinária que se moldavam às cabeças de tristes insones.
Pontes viveu nesse limbo comercial até ser redescoberto, claro, pelo faro indefectível de Jair Bolsonaro para nulidades espaciais e terrestres. Alçado ao cargo de ministro da Ciência e Tecnologia, pôs-se a cumprir o roteiro bolsonarista de destruir aquilo que, pela lógica funcional, deveria proteger e incrementar. No caso, a ciência nacional.
O astronauta tem um orgulho infantil de sua aventura no vácuo: sempre que pode, posa com um uniforme abalonado, rechonchudo em um figurino que, na vida real, não caberia dentro nem de um ônibus espacial. Esboça sempre um sorriso apavorado, como se, em algum momento de sua odisseia pessoal, tivesse batido o coco em um asteroide, ao reentrar em órbita.
Trata-se, afinal de um pseudocientista que convive alegremente com imbecis que acreditam que a terra é plana e que as vacinas inoculam doenças e comunismo em crianças.
Agora, além de tudo, deu para mentir.
Nas redes sociais, onde os bolsonaristas se reproduzem como baratas, atribuiu falsamente ao governo Bolsonaro a construção da nova Estação Antártica Comandante Ferraz, base científica brasileira gerenciada (ainda bem) pela Marinha, que pegou fogo, em 2012.
Na verdade, as obras foram licitadas em 2015, na gestão da presidenta Dilma Rousseff, do PT, e iniciadas a partir de 2016, ano do golpe institucional contra ela.
Bolsonaro e Pontes apenas parasitaram a inauguração.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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