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    Vitor Friary

    Doutorando no Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa, formado em Psicologia Clínica, fundador do Centro de Mindfulness no Brasil e autor de livros no Brasil e nos Estados Unidos

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    Brain Rot: o impacto do uso excessivo de redes sociais na saúde mental e estratégias de prevenção

    Uso excessivo de redes sociais pode desencadear uma série de problemas emocionais e cognitivos

    (Foto: Freepik)

    O fenômeno conhecido como "Brain Rot" tem ganhado destaque como uma metáfora para os efeitos negativos do uso excessivo de redes sociais na saúde mental e no bem-estar geral. Esse termo descreve um estado de exaustão emocional, cognitiva e física causada pelo consumo compulsivo de conteúdo digital, muitas vezes associado a transtornos de ansiedade, depressão, insônia e dificuldades em regular emoções. Mas o que a ciência nos diz sobre isso? E como podemos combater seus efeitos?

    Estudos recentes revelam que o uso excessivo de redes sociais pode desencadear uma série de problemas emocionais e cognitivos. Uma pesquisa publicada no Academy of Marketing Studies Journal aponta que a compulsão por redes sociais está diretamente ligada à busca constante por recompensas e reforços positivos (Gupta et al., 2024). Essa dinâmica ativa mecanismos cerebrais associados ao vício, promovendo um ciclo de dependência. Além disso, distúrbios do sono e exaustão emocional estão entre os efeitos mais frequentes.

    Outro estudo conduzido por Gan et al. (2024) analisou usuários do aplicativo WeChat e descobriu que hábitos profundamente enraizados dificultam a interrupção do uso, enquanto emoções negativas, como arrependimento e exaustão, frequentemente levam os indivíduos a considerarem abandonar as plataformas.

    No Brasil, onde o uso de redes sociais é um dos mais intensos do mundo, a situação é particularmente preocupante. A dependência digital afeta tanto adultos quanto adolescentes, exacerbando sentimentos de isolamento, baixa autoestima e dificuldades de interação no mundo real. A falta de regulação no uso das redes, combinada com a influência de algoritmos projetados para maximizar o engajamento, contribui para o agravamento do problema.

    Adolescentes são especialmente vulneráveis, já que estão em uma fase crucial de desenvolvimento emocional e social. Um estudo de Roquer et al. (2024) revelou que cerca de 18,6% dos adolescentes entrevistados em Barcelona relataram comportamento de risco associado ao uso de mídias digitais, como perda de sono e dificuldade em manter a atenção em tarefas diárias.

    Cinco sinais de "Brain Rot"

    •⁠  ⁠Preocupação constante com redes sociais: Checar notificações repetidamente ou sentir ansiedade ao ficar longe do celular.

    •⁠  ⁠Alterações no humor: Sentimentos de frustração, ansiedade ou tristeza após longos períodos de navegação.

    •⁠  ⁠Isolamento social: Redução do tempo dedicado a interações presenciais e atividades fora do ambiente digital.

    •⁠  ⁠Problemas de sono: Dificuldade para adormecer devido ao uso prolongado de telas antes de dormir.

    •⁠  ⁠Baixa autoestima: Comparação constante com os outros e sentimento de inadequação.

    Estratégias de prevenção e intervenção

    Felizmente, existem maneiras de lidar com o "Brain Rot" de forma consciente e positiva:

    •⁠  ⁠Pratique Mindfulness Digital: Reserve momentos no dia para se desconectar das telas e focar no presente. Meditação guiada ou caminhadas ao ar livre podem ser ótimas opções.

    •⁠  ⁠Estabeleça Limites de Tempo: Use aplicativos que monitoram o uso de redes sociais e defina horários específicos para acessar essas plataformas.

    •⁠  ⁠Substitua o Hábito Digital por Atividades Offline: Dedique tempo a hobbies, como leitura, esportes ou artes, que proporcionam recompensas não relacionadas ao mundo digital.

    •⁠  ⁠Promova Interações Sociais Reais: Invista em momentos significativos com amigos e familiares, longe das distrações digitais.

    •⁠  ⁠Procure Apoio Psicológico: Se os sintomas de exaustão emocional persistirem, um psicólogo pode ajudar a desenvolver estratégias para reduzir a dependência e promover a regulação emocional.

    A psicologia positiva nos ensina a valorizar o que temos de melhor e a construir resiliência frente aos desafios. Incorporar práticas de gratidão e reflexão consciente no dia a dia pode ajudar a quebrar o ciclo de comparação e insatisfação promovido pelas redes sociais.

    Mindfulness, por sua vez, oferece ferramentas práticas para aumentar a consciência sobre nossos padrões de comportamento. Práticas como respiração consciente e atenção plena podem reduzir significativamente a exaustão emocional causada pelo excesso de redes sociais.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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