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    Ricardo Mezavila

    Escritor, Pós-graduado em Ciência Política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.

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    Brasil de Bolsonaro: De protagonista a pária mundial

    Diferente de Lula que foi recebido em Londres pelas tropas que dão proteção à realeza, que passeou de carruagem com a Rainha Elizabeth e ficou hospedado no palácio de Buckingham, Bolsonaro foi a Davos e, isolado e ignorado por outras lideranças mundiais, foi almoçar sanduiche em um bandejão na periferia da cidade suíça sozinho, na sua desprezível companhia

    O Brasil, no governo Lula, ao lado da Rússia, Índia, China e África do Sul, integrou o grupo de países formadores do BRICS, que tinha como objetivo o relacionamento do país com outros países de economias emergentes. 

    O BRICS desenvolveu cooperação setorial em diferentes áreas como: ciência e tecnologia, promoção comercial, energia, saúde, educação, inovação e combate a crimes transnacionais, possuindo uma agenda interna de crescimento econômico e social e uma externa em temas como meio-ambiente, comércio e segurança. 

    Na era Lula e Dilma, o Brasil era convidado para participar de reuniões do G7, as sete maiores economias do planeta. Após o golpe contra a democracia, que tirou do poder uma Presidenta honesta, para colocar um consórcio de ladrões, o Brasil começou a perder prestígio e protagonismo. 

    Na triste era Bolsonaro, que dura dois anos, o Brasil contrariou as agendas do BRICS para atender as demandas de Donald Trump. Em 2020 Bolsonaro atacou proposta feita pela Índia para que patentes (direito de propriedade) sobre vacinas fossem abolidas, o quer permitiria que a produção dos imunizantes pudesse ocorrer em laboratórios distribuídos pelo mundo. 

    A falta de produção da vacina contra a Covid-19 em uma versão genérica, por responsabilidade dos países ricos detentores das patentes e do Brasil, impede o abastecimento global. Esse embate diplomático dificulta a importação de matéria prima para a produção nacional, tendo levado o governo indiano a excluir o Brasil da lista de prioridades para receber a vacina.  

    Os ataques de Bolsonaro e seus filhos ao governo chinês, dificulta a importação de insumos vindos desse país e, consequentemente, a produção de vacina no Brasil pode ser paralisada, por isso o impeachment é imperativo. 

    Contrariando longa trajetória de sucesso na vacinação em massa, onde o Brasil era referência mundial na produção de vacinas, o governo brasileiro se colocou em uma posição de sabotagem. A ONG internacional Human Rights Watch, que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos, acusou Bolsonaro de sabotar medidas de contenção da pandemia: “O presidente Jair Bolsonaro tentou sabotar medidas de saúde pública destinadas a conter a propagação da pandemia de Covid-19”, diz o relatório. 

    Há 20 anos, foi a ação internacional do Brasil que levou a Organização Mundial do Comércio – OMC, a estabelecer regras para permitir um maior acesso a remédios. Naquele momento, a luta era para enfrentar a aids. A liderança se transformou em um dos maiores ativos da política externa de Fernando Henrique e Lula. 

    No MERCOSUL, Bolsonaro alimenta a tensão e uma guerra retórica contra a Argentina, nosso maior comprador de produtos manufaturados, desde a eleição do presidente argentino Alberto Fernández. 

    Diferente de Lula que foi recebido em Londres pelas tropas que dão proteção à realeza, que passeou de carruagem com a Rainha Elizabeth e ficou hospedado no palácio de Buckingham, Bolsonaro foi a Davos e, isolado e ignorado por outras lideranças mundiais, foi almoçar sanduiche em um bandejão na periferia da cidade suíça sozinho, na sua desprezível companhia. 

    Essa é a imagem do Brasil atual, que deixou o protagonismo de governos progressistas e foi levado por Bolsonaro ao status de pária mundial. A população brasileira está pagando por ter se deixado induzir a uma escolha mal avaliada. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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