Caiado defendeu confisco de vacinas na pandemia
"No ápice da pandemia, o governador e médico (!) Ronaldo Caiado alinhou-se com o general que atravancava o Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello"
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é nosso velho conhecido. Nada apaga da memória o candidato a presidente que foi em 1989, quando personificava os propósitos da UDR, União de Democrática Ruralista, que nada tinha de democrática, dedicando-se diuturnamente a criminalizar o MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, e a impedir qualquer avanço da reforma agrária.
Hoje, governador, despreza a iniciativa do Governo Federal de unir esforços com os Estados para aprimoramento da segurança pública, num momento em que o crime organizado ganha tentáculos empresariais e políticos. A segurança vai muito bem em Goiás, afirma. Um pacto nacional nessa área, portanto, pouco lhe interessa.
Caiado poderia compartilhar a receita goiana anticrime com as demais unidades da Federação, mas prefere as bravatas. Não é um conservador civilizado, como tenta parecer, mas um oportunista de direita.
No ápice da pandemia, o governador e médico (!) Ronaldo Caiado alinhou-se com o general que atravancava o Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello, na busca de um fato ou factoide que referendasse a argumentação fajuta de que todos os Estados deveriam ter isonomia na vacinação contra a Covid-19.
Cogitava-se, então, que o governo baixasse uma Medida Provisória determinando o confisco de toda e qualquer vacina disponível em solo brasileiro, em nome de uma suposta imunização territorialmente igualitária – algo que obviamente seria derrubado pelo Judiciário. A intenção era subtrair do então governador paulista, João Doria, a condição de deflagrador da vacinação no país, com a Coronavac.
Caiado lançou a ideia na mídia. Dias depois, o Governo Federal negou a intenção.
Numa guerra pandêmica, cabe aos governadores, diante da inação federal, usar as armas de que dispõem para preservar a vida de suas respectivas populações, por isso Doria agiu bem. Caiado não honrou essa prerrogativa, ou pior, atuou contra ela.
De todo modo, a ideia que golpeava a ciência e a vida nascera morta. Não por vontade do governador de Goiás, que quer ser presidente do Brasil.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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