Candidatos a cobaias
"Fui fazer exames de saúde nada rotineiros, pelo contrário, cercados de apreensão. Acontece que sou cliente do Prevent Senior. Que situação! Todos se portavam com ares de normalidade. Quantos estariam cônscios da situação? Quantos dos clientes sabiam que estavam numa empresa sob acusação tão grave? Quantos profissionais estavam conscientes de que trabalhavam para gente acusada de prática nazista?"
Fui fazer exames de saúde nada rotineiros, pelo contrário, cercados de apreensão, que, graças a Deus, acabaram por trazer notícias administráveis.
Acontece que sou cliente do Prevent Senior, convênio de saúde que está sob acusação de prática nazista, sob a aparente cumplicidade do governo federal, acusado de ter transformado clientes em cobaias para teste de uso de medicamentos ineficazes para combater o vírus da Covid 19, que só se enfrenta com vacina, e de ter fraudado os atestados de óbitos das inconscientes cobaias que morreram.
Foi um momento surreal, olhava para os profissionais que nos atenderiam e para os outros clientes, como eu, que viemos por nossas vidas sob cuidado daqueles profissionais que julgávamos competentes e responsáveis, mas, que, agora, tinham sobre si a espada de dâmocles, simbolizando a dúvida razoável lançada sobre eles, com a agravante de que, embora a espada estivesse sobre eles, nós, os clientes, é que seríamos atingidos.
Que situação! Todos se portavam com ares de normalidade. Quantos estariam cônscios da situação? Quantos dos clientes sabiam que estavam numa empresa sob acusação tão grave? Quantos profissionais estavam conscientes de que trabalhavam para gente acusada de prática nazista?
Muitos daqueles profissionais nos eram simpáticos, alguns, pela constância dos acompanhamentos, já tinham se tornado familiares, com ares de amizade, porém, agora, sobrevinha a questão que não se calará tão facilmente. Estariam envolvidos nisso, ou haviam se inteirado da prática, ou foram coniventes, ou sequer desconfiavam?
Doutro lado, ali estavam trabalhadores e trabalhadoras de vários níveis de formação e de prestação de serviço, trabalhando numa empresa pivô de um escândalo indisfarçável, acusada de representante de um dos piores e mais cruéis agentes de genocídio na história da humanidade, repetindo, no Brasil, um crime contra a humanidade, onde todos nós, aguardando ser chamados pelo painel eletrônico, poderíamos ser vitimas.
O que acontecerá com essa massa de trabalhadores? Será como na operação lava-jato, que acabou com as empresas, os empregos, trocando tudo por delações que, no final, acabaram por salvar os empresários? E nós, que estávamos lá na esperança de estar no lado bom e inocente, nos perguntando para onde iriamos, tem mais alguma empresa que ofereça tais serviços para idosos?
E lá estávamos, naquele ambiente asséptico, sendo limpo a toda hora, todos na chamada terceira idade, necessitando de tratamento preferencial, num país sob um governo de destruição, acusado de genocida, que, não fora a pandemia, teria acabado com SUS, mas, que também, não deixou muito do SUS de pé, que destruiu a aposentadoria de nossos filhos, e que não parece ser atingido por nada, apesar de tantos crimes contra a população, pois continua sob a proteção da elite escravista que o mantém no poder.
Será que os senadores e senadoras têm ideia disso? Será que estão habilitados para tomar as decisões que punam os culpados, mas, poupe os trabalhadores e trabalhadoras, assim como garanta a nós, avós e avôs, o serviço que tem nos custado tanto manter, subproduto do desmonte que, desde o governo FHC vem sendo levado a efeito contra o INSS, o SUS e tudo o que tem a ver com a Securidade Social no Brasil?
Mais uma vez, civis à deriva de política neoliberal encomendada por escravistas que controlam o executivo e o legislativo, observando a construção do cadafalso, desconfiados de que, no fim, nós, candidatos a cobaias inconscientes, é que nele subiremos, enquanto a hienas continuam a rir daquele que sustentam, em seus jantares regados à crueldade e assassinato.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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