TV 247 logo
    César Fonseca avatar

    César Fonseca

    Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

    726 artigos

    HOME > blog

    Colapso climático une esquerda, direita e ultradireita para vencer catástrofe produzida pelo capitalismo neoliberal

    Interesse público sobre o privado se ergue como força incontrastável contra a qual ninguém ousa enfrentar, sob pena de o país economicamente submergir

    Catástrofe climática no Rio Grande do Sul (Foto: Agência Brasil)

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    O presidente precisa urgentemente fazer uma reunião para discutir o modelo neoliberal vigente para ver se ele é ou não adequado para casos de catástrofe ambiental como a que vive o Rio Grande do Sul.

    Banqueiro sanguessuga, rentista especulador, individualista, não pode participar dessa reunião.

    Como fazer ajuste fiscal em nome do controle da inflação e do equilibrismo orçamentário diante de situação que fugiu das mãos do governo?

    Está evidente que se o Estado continuar sob o tacão neoliberal, vai sumir do mapa, e o povo vai se revoltar.

    O Estado deixaria de ser útil para atuar como se fosse força neutra.

    Neutralidade diante da catástrofe?

    O povo vai à luta para fazer valer os seus direitos, se faltarem os recursos públicos aos quais a população que paga impostos tem direito.

    Pode acontecer estouro de boiada diante do dilema: pagar as dívidas e amortizações que se elevam a mais de 700 bilhões do orçamento, enquanto os trabalhadores não terão a sua disposição os gastos não-financeiros que alcançam menos de 200 bilhões!

    É uma desproporção enorme que causará problemas políticos no estado conservador e bolsonarista como é o Rio Grande do Sul e os demais estados sulinos, submetidos ao neoliberalismo depois da catástrofe.

    Até ontem, apoiavam os remédios neoliberais; seguirão acreditando em ilusão?

    CONGRESSO EM XEQUE-MATE

    O Congresso continuará apoiando o regime sub imperialista, semiparlamentarista, semipresidencialista, neoliberal, como exige a Faria Lima, em troca de emendas parlamentares, incapazes de atender o coletivo, o espírito público, mas, apenas, os interesses privados dos especuladores, sem representatividade popular, ou sucumbirá ao poder do dinheiro?

    As chuvas torrenciais e os prejuízos que provocam a catástrofe se transformam em maiores inimigos dos que abraçaram o neoliberalismo, o regime que impõe restrição draconiana dos gastos públicos, mesmo em tempo de tragédias.

    Nas próximas sessões legislativas, a partir dessa semana, os gaúchos e catarinenses, que também estão ameaçados, botarão a boca no trombone.

    Derrubarão, diante do presidente bolsonarista neoliberal, da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), as razões do Banco Central Independente e da Faria Lima para fazer valer o austericídio econômico.

    A FILA É GRANDE

    As liberações de recursos para o Rio Grande do Sul estimularão reivindicações semelhantes em regiões que também enfrentaram catástrofes e se arrastam com os problemas que elas criam interminavelmente.

    A fila é grande e todos reclamarão seu quinhão.

    Contra o ajuste fiscal neoliberal, todas as regiões administrativas, federativas, têm,  na gaveta, centenas de reivindicações, que serão reavivadas.

    O presidente Lula, depois de ir ao Sul, foi ao Nordeste e teve que sustentar promessas semelhantes para as duas regiões que amargam prejuízos ambientais e econômicos, em nome do ajuste fiscal neoliberal.

    O PT organiza marcha nacional sobre Brasília.

    Os petistas vão pedir o mesmo que os bolsonaristas gaúchos: verba orçamentária. 

    O governo está prisioneiro de arcabouço fiscal que não o permite atender a todos, salvo se partir para a heterodoxia econômica, no lugar da ortodoxia, que sufoca a economia.

    NOVO MOMENTO NACIONAL

    Portanto, começa esta semana, novo momento nacional, novo fato político desencadeado pela catástrofe sulina, que será repercutida em todos os estados da Federação, para fazer reivindicações, para que sejam superados problemas fiscais que eles não podem suportar.

    Lei Kandir, que sufoca o sistema federativo, corre perigo.

    O Planalto terá ou não que flexibilizar as válvulas que contêm os apelos do povo sacrificado pelo modelo neoliberal e pelas consequências por ele imposta em forma de redução da renda geral nacional dos trabalhadores, da classe média, dos pequenos e médios agricultores e industriais, dos grandes que têm força política para defender seu quinhão?

     Lula passa a enfrentar o Estado neoliberal que enforca a maioria da população em mobilização, em ano eleitoral, para romper o dique do neoliberalismo, que acumula para os ricos e não para os pobres.

    Os congressistas da direita e da ultra direita, sob pressão de suas bases, farão as mesmas reivindicações da esquerda social-democrata.

    Todos estão debaixo d'água e do perigo de pestes emergentes, doenças contagiosas etc.

    A catástrofe unifica esquerda, direita e ultradireita para defender suas bases políticas afogadas nas enchentes, sem comida e sem água para sobreviverem.

    O presidente tem diante de si o fenômeno de uma forçada unidade nacional que obriga todos, favoráveis e contrários ao governo, a refazerem seus cálculos e suas demandas no sentido de que sem Estado forte, interventor na economia, não tem saída satisfatória, sabendo que as forças produtivas foram destroçadas.

    Interesse público sobre o privado se ergue como força incontrastável contra a qual ninguém ousa enfrentar, sob pena de o país economicamente submergir.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: