Comida também é patrimônio cultural imaterial da humanidade. E o mais novo é o cuscuz
O pedido de reconhecimento como patrimônio imaterial em torno dos saberes e práticas da produção e consumo do cuscuz foi feito em conjunto pela Argélia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia
No dia 16 de dezembro a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) apresentou ao mundo o seu mais novo Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade: o cuscuz. Não a versão brasileira feita a partir da canjiquinha de milho, mas o prato que aqui nós conhecemos como cuscuz marroquino, feito a partir da sêmola do trigo.
O pedido de reconhecimento como patrimônio imaterial em torno dos saberes e práticas da produção e consumo do cuscuz foi feito em conjunto pela Argélia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia, países árabes situados no Norte e Noroeste da África.
No pedido, os países argumentam que “o cuscuz é muito mais que um prato, é um momento, memórias, tradições, gestos que se transmitem de geração em geração”. E acrescentam que, embora o prato não tenha uma origem definida, é consumido desde a Idade Média, por vários povos.
O próprio preparo do cuscuz, desde o momento em que a sêmola é moída já faz parte da tradição dessas culturas. As mulheres desempenham um papel fundamental não apenas preparando e consumindo o prato, mas para perpetuar os valores simbólicos que tem, através da transmissão oral e pela observação e imitação da prática.
Patrimônio Imaterial
Segundo a Unesco, o Patrimônio Cultural da Humanidade é composto pelas práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu Patrimônio Cultural.
São exemplos de patrimônio imaterial: os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições.
No Brasil
Dos 47 patrimônios culturais imateriais brasileiros, oito estão ligados à comida: ofício das Paneleiras de Goiabeiras (panelas de barro feitas em Goiabeiras, Vitória – ES), ofício das baianas de acarajé, modo artesanal de fazer queijo de Minas nas regiões do Serro e das serras da Canastra e do Salitre / Alto Paranaíba, sistema agrícola tradicional do Rio Negro (conjunto estruturado, formado por elementos interdependentes: as plantas cultivadas, os espaços, as redes sociais, a cultura material, os sistemas alimentares, os saberes, as normas e os direito), produção tradicional e práticas socioculturais associadas à cajuína no Piauí, modos de fazer cuias do Baixo Amazonas (a prática artesanal de fazer cuias, desenvolvida entre comunidades indígenas do Pará há mais de dois séculos, é um ofício praticado atualmente por mulheres de comunidades ribeirinhas), tradições doceiras da região de Pelotas e Antiga Pelotas (RS), sistema agrícola tradicional de comunidades quilombolas do Vale do Ribeira (conjunto de saberes e técnicas acumuladas na pesquisa e observação das dinâmicas ecológicas e resultados de manejo, oriundas do repertório de conhecimentos agrícolas, ambientais, sociais, religiosos e lúdicos das comunidades quilombolas localizadas na Região Sudeste do Estado de São Paulo e leste do Estado do Paraná).
Dos bens culturais imateriais brasileiros reconhecidos pelo IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), cinco são considerados pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade: Samba de Roda do Recôncavo Baiano, Arte Kusiwa – pintura corporal e arte gráfica Wajãpi (sistema de representação gráfico próprio dos povos indígenas Wajãpi, do Amapá, que sintetiza seu modo particular de conhecer, conceber e agir sobre o universo), Frevo, Círio de Nazaré, Capoeira.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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