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    Cláudio Furtado

    Espiritualista, escritor e engenheiro. Autor dos livros “Divagaísmo” e “O Despertar – Existência Integral”, este último com dois amigos, com os quais também fundou a Phoenix Produtora.

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    Como fazer uma comunicação política eficiente?

    "Quem não se comunica, se trumbica"; e de forma alguma queremos nos trumbicar novamente.

    Lula na Bahia (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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    Muito tem preocupado a esquerda brasileira sobre a comunicação politica do atual governo. Algumas vezes se atribui toda a culpa a pessoas específicas. Eu acho este tipo de análise injusta e superficial, pois a situação é bem mais complicada, mas pode ser resolvida se forem seguidos alguns passos. Abaixo eu dou algumas sugestões, as quais, a meu ver, podem auxiliar para uma comunicação política eficiente.

    O 1º passo não tem a ver com a comunicação. Este passo é continuar a fazer as realizações que se espera de um governo de esquerda. Promover o desenvolvimento do país compartilhado com toda a população. Todas as ações de inclusão social devem ser implementadas para ser feito o compartilhamento de renda e riqueza para todo o povo. Ou seja, os cidadãos têm que sentir na pele o desenvolvimento do país refletido em seus salários, no acesso à alimentação, a saúde, a educação, a moradia, etc. A segurança pública é outro fator importantíssimo, pois a população tem que constatar na prática que o crime organizado está sendo combatido com inteligência policial e não com chacinas, e temos que sentir isso refletido nas ruas, em nosso dia a dia. Dizer que essa ou aquela empresa teve valorização de mercado, ou dizer que a bolsa alcançou recorde de pontuação, não materializa na vida do cidadão uma melhor qualidade de vida. Ninguém se alimenta de PIB. O povo tem que sentir na prática que sua vida melhorou de qualidade.

    O 2º passo é saber comunicar de forma eficiente estas realizações. Mostrar ao povo como o desenvolvimento econômico do país está afetando a vida da população. Isso tem que ser feito, e bem-feito, em todas as diferentes mídias. Em cada mídia tem que ser feito da forma adequada para atingir o público que a assiste. Atualmente se usa muito a expressão “segmentar o público” na Internet, outros já utilizam a expressão “personalização do público”, mas o que isso quer dizer? Quer dizer que a propaganda em cada mídia tem que estar adequada ao público ao qual se dirige a comunicação. Por exemplo, no caso do rádio e da televisão, o momento em que a propaganda será veiculada tem que ser levado em consideração, pois em cada dia e em cada horário se tem um público diferente acessando estas mídias, pois os seus usuários assistem programas em horários pré-determinados. Já nas redes sociais a coisa muda de figura, pois o acesso é feito quando os usuários desejam e quando têm tempo disponível. Em todos os casos o público tem que ser segmentado (ou personalizado, como queira) para que o público-alvo seja atingido. Essa estratégia de segmentação está sendo feita a vários anos pela articulação internacional da extrema-direita. E a propósito, a professora Isabela Kalil que é Mestre e Doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), identificou em sua pesquisa 16 perfis de eleitores e simpatizantes do ex-presidente da extrema-direita. Assim sendo, os responsáveis pela propaganda da extrema-direita brasileira enviam propagandas personalizadas para cada um desses grupos, por isso, têm sucesso na comunicação. E é isso o que os responsáveis pela propaganda do governo também devem fazer. Tendo identificado o público-alvo, então devem impulsionar a propaganda de forma personalizada para este. E qual é o público-alvo do governo? Resposta: os indecisos; explicarei isso mais adiante.

    O 3⁠º passo, que também é de extrema importância, é a criação de um canal do governo dedicado para desmascarar as "fake news" que bombardeiam diariamente as redes sociais. A desconstrução desta rede de mentiras é de suma importância, pois a extrema-direita está diariamente tentando desconstruir o governo e desviar a atenção do povo para delírios em massa. Não dá para achar que essas mentiras sejam inofensivas, pois elas têm penetrado de forma avassaladora na mente das pessoas. Entre outras coisas, têm provocado ataques a ciência, a integridade física de cidadãos, gerado ódio, racismo e todos os tipos de desinformações na sociedade brasileira, note inclusive o crescimento estrondoso dos núcleos neonazistas no Brasil, por isso, é urgente o combate direto as "fake news". E é claro que essa desconstrução das mentiras tem que ser eficientemente divulgada, senão não, não adianta de nada. O inimigo que estamos combatendo é muito poderoso, pois está organizado e tem uma fonte de financiamento imensa. A propaganda enganosa que o neofascismo tem feito nas redes sociais tem que ser combatida urgentemente. O judiciário tem feito sua parte para combater as "fake news", mas uma organização na comunicação do governo também se faz necessária, pois o inimigo não está recuando, ao contrário, está indo para cima. Por isso tem que ser confrontado diretamente.

    Uma coisa importante que tem que ser levada em consideração pelo governo, é que a extrema-direita trabalha somente para a eleição. Eles não têm nenhum projeto de construção do país. Eles pregam um Niilismo extremado, no qual tudo tem que ser destruído para surgir posteriormente a “Terra Plana Prometida”, onde eles viverão felizes para sempre em suas alucinações, ou seja, eles não têm realizações de fato, eles vivem em um mundo ilusório. Desta forma, o governo sabendo comunicar suas realizações adequadamente e combatendo as "fake news", estas ações possibilitarão que pouco a pouco se isole esses extremistas. Eles sempre existiram, o que aconteceu é que agora eles ressurgiram do túmulo do Nazifascismo, neste momento em que se aprofundou a crise mundial provocada pelo Neoliberalismo. Esse ressurgimento do Nazifascismo contaminou aqueles que em uma eleição votam na esquerda, em outra na direita, às vezes votam em branco ou nem votam, ou seja, os indecisos. São justamente esses que a comunicação sugerida aqui irá trazer para o nosso lado, o lado dos progressistas, o lado dos esquerdistas, o lado que busca provocar transformações no mundo real em prol de uma sociedade justa. Estes que são comumente chamados de indecisos deram a vitória a extrema-direita em 2018 e são os mesmos que nos deram a vitória nas últimas eleições. Os eleitores que já são de esquerda, já têm politização suficiente para entender todas as dificuldades que o governo passa para construir um país mais justo - ainda mais neste cenário atual de frente amplíssima - mas os indecisos não têm essa consciência. Por isso a propaganda de esclarecimento tem que ser dirigida para estes que precisamos que se juntem a nós. Toda a segmentação (ou personalização) da propaganda tem que ser feita para atingir os indecisos. A guerra da comunicação é uma realidade que estamos vivendo. Devemos usar sabiamente os recursos disponíveis para vencê-la, pois somente assim poderemos continuar a construir um país com desenvolvimento que dê frutos para toda a população. Afinal, conforme é dito na sabedoria popular: "Quem não se comunica, se trumbica"; e de forma alguma queremos nos trumbicar novamente.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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