Continuam afiadas as garras do (Neo)Colonialismo
Como sempre, os aparelhos de propaganda criticam os que reagem. Como se o certo fosse apanhar sem gritar. Como se o certo fosse apanhar sem reagir
O planeta foi dividido desde tempos imemoriais entre países exploradores e países explorados. Os países exploradores são os chamados países ricos e consequentemente os explorados são os pobres. Essa divisão permanece até hoje.
É exatamente o que vemos atualmente acontecendo com os países pobres sendo fornecedores de matéria-prima barata para os países ricos e estes mesmos países pobres sendo consumidores dos produtos industrializados caros produzidos pelos países ricos. É a retroalimentação da exploração. Este é o verdadeiro, cruel e real ciclo vicioso do Neocolonialismo. E olha que este não é um assunto novo. Quando fiz o ginásio e o 2º grau, nos anos 80, eu já ouvia essa história de exploração no colégio. E até hoje continua ocorrendo dá mesma forma.
O Brasil é um destes países pobres que sofre com o Neocolonialismo. Só que se inventa eufemismos para encobrir está triste realidade. Já nos chamaram de 3º Mundo, País Subdesenvolvido, País em Desenvolvimento e País Emergente. Agora a palavra da moda é Sul Global. Mas tudo isso é sinônimo de País Pobre. Temos que cair na real, pois só assim temos a noção de quem somos e contra quem lutamos. Somos Pobres e para superar esta condição temos um longo caminho de lutas para trilhar.
Nos tempos atuais, a escravidão foi substituída por baixos salários, subemprego, desemprego, miséria e fome nos países pobres. Os quais inclusive fornecem mão de obra barata para os países ricos devido ao caos social produzido pela exploração que sofrem. Imigrações e refugiados estão aí incluídos neste contexto de fornecimento de mão de obra, pois estes são a mão de obra barata “acolhida” pelos países ricos. Estes mesmos países que se beneficiam desta mão de obra barata são os mesmos que financiam as guerras que produzem imigrantes e refugiados. Ou seja, é um ciclo vicioso intencional.
“Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganado
Pra viver uma cultura diferente”
(Mercedes Sosa)
Os poucos países que se rebelaram contra este sistema exploratório foram taxados pelos aparelhos de propaganda dos países ricos de:
- Terroristas;
- Corruptos;
- Traficantes de drogas;
- Ditaduras;
- Comunistas.
Estes países foram alvos das guerras (quentes, frias e híbridas) e sanções econômicas dos países ricos. Ações essas que condenaram esses países a morte, destruição, pobreza e ao caos humanitário. E daí vem como consequência os já citados imigrantes e refugiados.
Me lembrei de uma história verídica que um querido e falecido tio me contou:
"Uma família vizinha criava um cachorro, desde filhote, a base de pancada e dava para ele comer ração com pimenta. Diziam que era para ele crescer feroz para proteger a casa. O cachorro vivia acorrentado. A avó da família era a que tratava pior o cachorro. Passava por ele e o batia com o cabo de vassoura. O cão cresceu e virou realmente uma fera. Um belo dia, a senhora passou pelo cão acorrentado que a odiava devido aos maus-tratos. Quando ela foi bater nele, o cão arrebentou a correte e destroçou a senhora. Foi difícil fazer ele parar. Mordeu até cansar. A senhora não morreu. Mas ficou toda mordida. Toda ensanguentada. No dia seguinte colocaram veneno na comida do cachorro. E ele morreu."
Fazendo um paralelo com aos aparelhos de propaganda dos países ricos, a senhora (O Opressor) seria a eleita pela mídia para ser a heroína da história e o cão (O Oprimido) o terrível vilão. Temos que tomar muito cuidado para não sermos enganados por estas distorções da mídia.
“Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente”
(Mercedes Sosa)
Agora lhes pergunto:
Valeu a pena para o cão?
É claro que valeu. Mesmo tendo sido morto, valeu, pois morto em vida ele já estava. E assim funcionam todas a resistências Anti-(Neo)Coloniais. Reagem, pois é uma questão de vida ou morte (ou de morte em vida) para eles. Mas, como sempre, os aparelhos de propaganda criticam os que reagem. Como se o certo fosse apanhar sem gritar. Como se o certo fosse apanhar sem reagir. Como se o certo fosse apanhar e calar.
“Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucado brutalmente”
(Mercedes Sosa)
Somente aparecem na mídia os conflitos que interessam para os que comandam a economia do planeta. Alguém vê na mídia a limpeza étnica que está acontecendo em Nagorno-Karabakh na guerra que está ocorrendo entre Armênia e Azerbaijão? Alguém vê na mídia o massacre que está sofrendo o Iêmen na guerra que este país trava contra a Arábia Saudita? São guerras que não interessam para a mídia. São guerras invisibilizadas.
Vários povos na atualidade continuam a ser oprimidos. Alguns lutam para ter o seu próprio país a vários anos. Posso citar dois exemplos:
1- Os Kurdos. Não se fala quase nada sobre este povo que luta para ter o próprio país? Eu entrei em contato com um Kurdo para entrevistá-lo, mas no momento perdi o seu contato. O pouco que ele me contou me fez entender a situação terrível que o povo dele passa. Na Turquia eles são proibidos de usar seu idioma nas escolas e são proibidos de exercer a sua religião. Manifestações culturais Kurdas não são permitidas. Este Kurdo que entrei em contato fez parte da luta armada da resistência Kurda. Já esteve preso e já foi torturado. Muitos companheiros de luta morreram. E tudo porque eles querem ter o direito a ter um estado Kurdo. Mas isso não se vê na mídia, pelo menos não se vê como deveria ser visto e com a frequência que deveria ser visto;
2- Os Palestinos. Este povo vem sendo tratado como lixo pelo Estado Sionista, Racista e Colonialista de Israel, o qual os massacra a mais de 75 anos. Estamos atualmente assistindo ao primeiro genocídio transmitindo on-line. O Estado Sionista está fazendo uma limpeza étnica em Gaza. A ação da Resistência Palestina conseguiu mostrar ao planeta o Regime Colonial e Racial que o Sionismo perpetra contra a Palestina. A resposta desproporcional que Israel teve para com a ação do Hamas, mostrou que o Terrorismo provém do Estado de Israel e não da Palestina, como tentam mostrar as reportagens distorcidas e manipulatórias da mídia ocidental, a qual é financiada pelo lobby sionista.
“Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda pobre inocência desta gente”
(Mercedes Sosa)
Um Pseudo-Humanismo, o qual prefiro chamar de Humanismo Tóxico, deturpa todos os fatos e joga a opinião pública a favor do Opressor e criminaliza o Oprimido. Todos os povos que resistem atualmente contra a opressão dos países ricos devem ser exemplos a serem seguidos por todos que lutam para um planeta sem opressão e com justiça social.
“Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria”
(Mercedes Sosa)
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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