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    Laís Vitória Cunha de Aguiar

    Aos 16 anos passou a escrever para a ONG australiana Climate Tracker, que treina jovens para serem jornalistas climáticos, e com isso publicou para a EcoDebate e outros meios de comunicação. Participou dos Jornalistas Livres como freelancer e por um ano do Mídia Ninja. Publica eventualmente no Brasil 247 e Brasil De Fato. Formada em Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo no Ciberespaço e coordena o Parlamento Mundial da Juventude no Brasil.

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    Costurando Direitos: expressão das mulheres atingidas por barragens

    A população atingida é composta por ribeirinhos, quilombolas, povos indígenas, que já sofrem um processo de invisibilização e massacre

    (Foto: Lais Vitoria)

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    Na Universidade de Brasília (UnB), do dia 17 de outubro até 17 de novembro ocorreu a exposição Atingidas Costurando Direitos, uma parceria entre a universidade e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

    Na quinta passada (16/11), foi aprovada a política nacional dos atingidos por barragens (PENAB), uma luta histórica de 40 anos, como conta  Joelma Oliveira, uma das responsáveis pela exposição. O principal objetivo deles é criar um sistema de segurança para as comunidades que são e que possam vir a ser atingidas pelas barragens. Normalmente a população atingida é composta por ribeirinhos, quilombolas, povos indígenas, que já sofrem um processo de invisibilização e massacre.

    “A empresa chega, tira o seu lugar e você fica a ver navios, à deriva, não fica nada pra você, nada pra comunidade, então a PENAB vem pra reparar e para dar segurança, assistência em todo esse processo.”

    Joelma Oliveira é do Pará e participa do MAB organicamente desde 2018. Conheceu o movimento a partir do encontro nacional em 2017, no Rio de Janeiro. A irmã dela já participava organicamente do movimento, trabalhando especialmente com as mulheres ribeirinhas de São Luís do Tapajós (comunidade Pimental) que seria inundado por uma barragem, mas o processo foi arquivado, em parte graças ao movimento popular, em parte graças ao clima político da época, ela explica. a exposição chegou à unb pelo departamento de geografia, e para ela trazer a exposição para a universidade foi uma conquista a partir de diálogo. agradeceu especialmente a professora neuma, do departamento de geografia.

    A arpillera é uma arte em bordado típico do Chile, mas foi apropriada como expressão política na época da ditadura chilena, e desde então tem se espalhado pela américa latina como forma de resistência feminina. as mulheres da comunidade pimental, ela conta, também escolheram a arpillera como forma de expressão e resistência.

    No MAB as mulheres usam as arpilleras como forma de comunicação e resistência, não é a toa que vemos na exposição obras de todo Brasil representando as lutas pela sobrevivência de diferentes comunidades, apesar da exposição ter como foco central Brumadinho, Mariana e Amazônia, pois estão em campanha no movimento Revida Mariana, que obviamente é uma pauta urgente, assim como também trazem na exposição as diversas questões que permeiam a Amazônia brasileira.

    O processo das arpilleras chegou a elas em 2013, quando descobriram a arte chilena que permite o uso de materiais cotidianos para contar a história dessas mulheres. Joelma explicou que as mulheres normalmente são as que mais sofrem com o processo das barragens, então é muito importante que elas tenham uma forma de se expressar. Assim, a arpillera se tornou uma ferramenta de luta para dar visibilidade às mulheres do MAB e seus movimentos.

    “O processo de construção de uma arpillera é coletivo, o que é muito bonito, mas muitas vezes é bem doloroso, muitas delas vão contando suas histórias enquanto vão costurando, é um sentimento de dor sair da sua região. são essas mulheres que estão a frente de tudo isso (...) A arpillera por si já fala muita coisa. ”

    O acervo do MAB de arpilleras é composto de cerca de duzentas peças ou mais, e já expuseram o trabalho em São Paulo, Rio de Janeiro, nas próprias regiões das mulheres. É a primeira vez que expõem em Brasília. Apesar de muitas peças serem locais, algumas representam o contexto nacional.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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