CPI da Covid, autoritarismo e o fim de Bolsonaro
"As mãos de Bolsonaro, sujas pelo sangue dos quase 350 mil brasileiros e brasileiras mortos pela Covid, vão tirá-lo do Palácio do Planalto. Se não pelo impeachment, pelo voto popular, que trará de volta a maior liderança popular da história deste país: Lula", escreve o senador Rogério Carvalho
Por Rogério Carvalho
A reação desproporcional do presidente Jair Bolsonaro à decisão monocrática do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, que determinou a instalação da CPI da Covid no Senado Federal, ultrapassa todos os limites da razoabilidade e do convívio democrático. Não é aceitável que o líder de um dos poderes agrida pessoalmente e de forma tão grosseira uma autoridade de outro poder, acusando-o de “falta coragem moral”.
Além de ferir de morte o preceito constitucional da harmonia e da independência entre os poderes, a agressão de Bolsonaro contra Barroso escancara o caráter autoritário do ex-capitão, que sempre defendeu publicamente a ditadura militar e notórios torturadores e que flerta costumeiramente com a ideia de um golpe de estado. Não foram poucas as vezes que Bolsonaro incitou seus apoiadores com palavras de ordem contra adversários e contra os poderes legalmente constituídos. Quem não se lembra das palavras de ordem e de ódio de Bolsonaro para “fechar o Congresso e o Supremo” ou para “metralhar a petralhada”?
Ainda que se possa questionar o avanço da judicialização da política e da partidarização de um segmento do judiciário, não podemos tolerar os arroubos antidemocráticos de Bolsonaro. Lula, vítima do lawfare e de uma implacável perseguição judicial, teria muito mais motivos para se posicionar contra a Suprema Corte do que Bolsonaro e não o fez. Democrata que é, Lula segue respeitando e preservando a institucionalmente do Supremo e declarando que confia na justiça.
É cada vez mais claro que o protagonismo de Bolsonaro na vida nacional tem testado todos os limites do estado democrático de direito. Precisamos estar atentos, pois, com o avanço descontrolado da pandemia e com a queda de sua popularidade, o ex-capitão está cada vez mais acuado e parece disposto a tudo para se manter no poder. Essa acusação contra Barroso soa, inclusive, como uma nova tentativa desesperada de pressionar o Supremo sobre o julgamento de Lula, marcado pra a próxima semana.
A abertura da CPI da Covid, ainda que em razão de uma decisão judicial, pressiona ainda mais o mandatário do executivo. Tem também potencial de comprovar todos os crimes de responsabilidade de Bolsonaro no descontrole da pandemia, como a compra de remédios sem comprovação científica contra vírus ou a neglicencia na aquisição de vacinas, abrindo frente para o avanço de um processo de impedimento.
As mãos de Bolsonaro, sujas pelo sangue dos quase 350 mil brasileiros e brasileiras mortos pela Covid, vão tirá-lo do Palácio do Planalto. Se não pelo impeachment, pelo voto popular, que trará de volta a maior liderança popular da história deste país: Lula, um estadista de coração leve a pronto para reconstituir e conciliar o Brasil.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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