Dallagnol lucra 50% com compra de apartamento de luxo que foi da família de colega procurador
Em setembro de 2018, comprou apartamento de um andar em bairro nobre de Curitiba. Em novembro do ano passado, vendeu por um preço 50% superior, apesar da crise
O chefe da extinta força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, obteve lucro expressivo com a compra e venda de um apartamento de luxo no bairro do Juvevê, área nobre de Curitiba.
Em setembro de 2018, ele comprou por R$ 1,8 milhão imóvel que ocupa todo o terceiro andar do condomínio Playmouth Hills.
Em novembro do ano passado — três anos depois, portanto —, ele vendeu o imóvel por R$ 2,7 milhões. Uma valorização de 50%, num período de retração econômica, inclusive em função da pandemia.
Deltan Dallagnol poderia ser descrito como um excelente investidor de imóveis, homem com faro apurado para bons negócios.
Em 2013, ele havia feito outra excelente compra, ao adquirir dois apartamentos do Minha Casa, Minha Vida, em Ponta Grossa, construído com financiamento subsidiado do governo federal.
Os imóveis do Minha Casa, Minha Vida eram destinados a pessoas de baixa renda ou de casse média baixa. Mas Dallagnol não se importou com essa característica do programa habitacional.
Quando o projeto ainda estava na planta, adquiriu os dois imóveis à vista, por cerca de R$ 70 mil cada um.
A compra não foi ilegal, mas flagrantemente contrária a princípios morais.
Um ano atrás, ele já havia vendido um apartamento e outro se encontrava vazio, embora, na cidade, haja déficit habitacional.
O imóvel de luxo que agora ele vendeu pertencia à Ebel Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda., que é da família de Belmiro Valverde Jobim Castor, então falecido e que era controlada pela viúva, Thereza Elizabeth Bettega Castor, tia de Diogo Castor de Mattos.
Diogo foi seu estagiário e, depois que se tornou procurador da república, integrante da extinta Lava Jato.
O ex-estagiário de Dallagnol foi demitido do Ministério Público Federal por decisão do Conselho Nacional do Ministério Público no ano passado, por conta do caso da autopromoção em outdoor, fato que envolve crime de falsidade ideológica.
Na época em que Deltan Dallagnol comprou o imóvel da tia de Castor de Mattos, um apartamento com as mesmas características no Playmouth Hill’s tinha sido vendido por R$ 2,375, conforme informou reportagem do Brasil 247.
Antes de concretizar o negócio da venda desse apartamento que foi da família de Castor de Mattos, Deltan Dallagnol adquiriu outro imóvel no mesmo condomínio, por R$ 2,1 milhões.
Esse segundo apartamento pertenceu a Luís Antônio Paolicchi, que foi secretário da Fazenda de Maringá e assassinado depois de processado e condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, como integrante de uma quadrilha acusada de desviar dinheiro público da prefeitura da cidade e financiar políticos, como o senador Álvaro Dias, com a intermediação do doleiro Alberto Youssef.
Um dos denunciados no mesmo processo foi o advogado Irivaldo Joaquim de Souza, para quem o ex-juiz Sergio Moro trabalhou quando era estudante de direito.
No processo, em 2006, Moro, então juiz em Curitiba, prestou depoimento a favor do advogado. Não falou sobre fatos, mas o elogiou. “Referida pessoa é detentora de notórios e notáveis conhecimentos jurídicos”, disse.
Depois do depoimento de Moro, Irivaldo obteve habeas corpus, e se livrou do processo.
Deltan Dallagnol comprou o imóvel que foi de Paolicchi em leilão, e chegou a trocar mensagens com uma servidora do cartório da Vara Federal em Curitiba, para tentar se eximir de encargos decorrentes da aquisição de imóveis.
Ele pagou pelas taxas em dinheiro vivo, como entranharam na época funcionários do banco onde ele recolheu os valores.
Deltan Dallagnol é agora vice-presidente do Podemos e faz campanha como pré-candidato a deputado federal, através das redes sociais.
A Lava Jato já foi descrita pelo procurador geral da república, Augusto Aras, como “caixa preta”. Em vão, ele tentou abrir essa caixa.
Um dos fatos obscuros da extinga força-tarefa é a relação de integrantes da Lava Jato com advogados que conseguiram firmar acordo de delação premiada nos processos conduzidos por Sergio Moro.
Um dos escritórios que receberam altas somas foi o Delivar de Mattos Advogados Associados, fundado pelo pai de Diogo Castor e que era tocado pelo irmão do procurador da república, Rodrigo Castor de Mattos.
Deltan Dallagnol e sua família também ficaram ricos, como mostram a aquisição dos imóveis e a compra de franquias da Hering.
Pode ser tudo fruto do acaso, mas é impossível não se indignar quando se constava que a Lava Jato contribuiu para o empobrecimento do Brasil, com o desinvestimento de mais de R$ 170 bilhões e a perda de 4,4 milhões de empregos (provocados diretamente pelas ações da força-tarefa, como apurou o Dieese).
Ao mesmo tempo, o agora ex-procurador república Deltan, que se apresentava como um cruzado do combate à corrupção, melhorou, e muito, seu padrão de vida, e se revelou um exímio investidor do mercado imobiliário.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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