Defesa para advogados que não queiram lacrar no STF
Não tenho a menor dúvida de que, quem deveria estar sentado aqui, sendo julgado e condenado a uma pena exemplar, é o senhor Jair Messias Bolsonaro
Excelentíssimos Ministros e Ministras da mais Alta Corte da Magistratura, cordiais saudações.
Hoje encontro-me perante vossas excelências, não apenas para defender o meu cliente das imputações que lhes foram atribuídas, mas também para render minhas homenagens a todos os brasileiros que defendem incondicionalmente a democracia e o Estado de Direito.
Feita essas considerações, e para que não pairem dúvidas sobre o meu papel de defensor do (nome do acusado) nesta tribuna, é que demonstrarei, pelo tempo que me resta, que por estranha ironia do destino, apelar para o Estado Democrático de Direito é a única alternativa cabível para provar a inocência do meu cliente nos episódios de 8 de janeiro.
O dano ao patrimônio causado pelo réu é inquestionável. Contudo, deixo para vossas excelências a seguinte indagação: quando uma arma de fogo é disparada, causando a morte uma pessoa, a culpa é da arma, ou da mão que a empunhava?
Essa é uma reflexão necessária, sem a qual é impossível definir a responsabilidade penal objetiva que cabe ao réu. Meu cliente nunca tinha vindo a Brasília em toda sua vida. Vive de sua aposentadoria, é evangélico, e nunca se meteu em política.
Porém, nos últimos quatro anos, veio sofrendo forte influência ideológica-religiosa, que o fez acreditar no discurso de ódio e mentiras propagados pelo ex-presidente Bolsonaro, pelos líderes evangélicos de sua igreja, por jornalistas manipuladores que emprestaram suas reputações ao fascismo, por financiadores de fake News, em especial latifundiários ligados ao agronegócio, desmatadores, grileiros, contrabandistas de ouro extraído em garimpos ilegais, traficantes de armas travestidos de CACs para abastecer o tráfico e as milícias.
Excelências, foram quatro anos de lavagem cerebral diária, afetando a vida do meu cliente e de milhões de outros brasileiros, que inclusive ainda estão sob efeito desta escalada de terror.
Estou nesta tribuna defendendo uma pessoa que teve a passagem comprada para vir a Brasília. Que ficou acampado numa área protegida pelo Exército Brasileiro, cuja omissão foi interpretada por ele como indicadora de que estava ali para cumprir um papel revolucionário. Este homem, que pode passar o resto de seus dias no cárcere, não pode sequer ser comparado à arma que feriu a democracia. E muito menos à mão de quem a disparou.
Portanto, excelentíssimos ministros, não tenho a menor dúvida de que, quem deveria estar sentado aqui, sendo julgado e condenado a uma pena exemplar, é o senhor Jair Messias Bolsonaro, e todos aqueles – bispos, generais, empresários, escroques da imprensa -, todos merecedores de penas que inibam outras aventuras golpistas no futuro.
Se esta for a compreensão de Vossas Excelências, peço que meu cliente seja condenado a ressarcir aos cofres públicos os valores devidos aos danos causados, desconsiderando qualquer outra imputação.
Agradeço mais uma vez pela paciência e consideração.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: