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André Barroso

Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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Depois de seis anos, Marielle venceu!

É claro que muitas respostas ainda estão por aparecer e muitos políticos estão apavorados

Marielle Franco (Foto: Mídia NINJA)

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Quero pronunciar que minha contagem no twitter, sobre o desejo da sociedade para sabermos quem foram os mandantes e por que, acabou. Por longos mais de seis anos, diariamente, fazia a contagem: Quem matou e mandou matar Marielle? - 2202 dias. A Folha de São Paulo chegou a fazer um artigo sobre a mesma contagem sendo feita por mim, Laerte e Eliane Brum. A resposta não foi um alívio para mim, mas uma vitória de Marielle, que defendia as causas sociais e acabou dando foco aos problemas muito bem organizados de milícias, políticos e Justiça para o mundo. Nacionalizamos uma morte que era apenas do Rio de Janeiro.

Tudo que era suspeito desde a morte da vereadora, foi confirmado com requintes de filmes de máfia de Coppola. Quem vive no Rio de Janeiro já sabe que está loteada por milicianos. A morte de Marielle incomodava os negócios dessa milícia. Tempos atrás, ouvi de um policial militar que outros políticos interessados queriam o sumiço da vereadora, mas por interesse ligado a eleições. Até o traficante Fernandinho Beira-Mar, preso, deu uma entrevista em 2019 cravando que tinha 100% de certeza de que milicianos e policiais estavam envolvidos.

É claro que muitas respostas ainda estão por aparecer e muitos políticos estão apavorados, possivelmente por estarem envolvidos de alguma forma com a procrastinação por quatro anos, quando ainda tínhamos provas mais substanciais e agora, no novo governo foi solucionado rapidamente, como foi prometido por Flávio Dino após sua entrada no Ministério da Justiça. Um membro do parlamento Brasileiro, um conselheiro de Tribunal de Contas e um chefe da Polícia Civil planejaram o assassinato de Marielle e Anderson. Era necessário um assassino que teria a promessa em comandar uma região do Rio de Janeiro como miliciano. E esse mesmo assassino, que era vizinho de Bolsonaro, amigo e homenageado, com a mãe trabalhando no gabinete de Flávio Bolsonaro.

Não contavam que o caso repercutisse pelo mundo todo. Muitos, como o governador impichado Wilson Witzel e o ex-vereador bolsonarista Rodrigo Amorim, quebraram a placa em homenagem a vereadora, aumentando sua força política, e mesmo não estando neste plano, estava presente! O período em que a extrema direita estava conquistando espaços, por vezes tripudiava do crime ou então faziam corpo mole para que o caso fosse esquecido. E essa prática era usada para beneficiar ou crimes que envolviam policiais corruptos ou que beneficiavam a milícia. Por quatro anos se sentiram intocáveis, até porque a rede de proteção era grande e estava em todos os setores. Até mesmo agora, depois da prisão dos acusados, como o deputado federal Gilson Marques, que pede vistas para impedir que a CCJ da Câmara aprove a medida cautelar de prisão de Chiquinho Brazão.

Será preciso um choque de ordem imediato, que perdure por algumas gerações para limpar de vez as relações diretas entre Estado, políticos, policiais e milicianos no Rio de Janeiro. Só um enfrentamento muito coordenado por décadas pode ter sucesso. O suplente de Chiquinho Brazão é Ricardo David, sobrinho de Aniz Abraao David, presidente de honra da Beija Flor de Nilópolis. Bicheiro. Essas relações comprometem demais uma justiça representada por Iustitia, divindade romana que apresenta os olhos vendados, segurando a balança com os pratos alinhados, sem tender para nenhum lado. Temos um Estado completamente tomado pelo crime organizado. 

A luta continua. Justiça por Marielle já!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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