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    Miguel Paiva

    Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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    Desmascarados

    "Agora permanece só a lembrança e a sombra de um governo que joga contra intencionalmente, por conta do negócio da cloroquina e por exercer a necropolítica como projeto", diz Miguel Paiva, do Jornalistas pela Democracia. '"Mas tiramos o PT' e isso é o que importa para eles, esses bandidos desmascarados pela História, literalmente", complementa

    Jair Bolsonaro (Foto: Miguel Paiva)

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    Por Miguel Paiva, para o Jornalistas pela Democracia

    Na minha limitada lembrança não consigo relacionar alguém que tenha um pensamento democrático, de esquerda ou de direita (de direita estou arriscando) que seja contra o uso de máscaras no combate à Covid 19. Pelo que percebo, e faz sentido, que não usa é porque não acredita na sua eficácia ou vai na conversa de quem não acredita. Nesse grupo incluímos os que discordam por uma questão ideológica. São bolsonaristas, negacionistas ou acionistas da fábrica de cloroquina. 

    Fora a piada, esse grupo realmente discorda de tudo aquilo que seja uma decisão pública, em que o comportamento coletivo é fundamental. São individualistas, contra qualquer determinação que envolva algum grupo social. Social, então, é uma palavra que assusta. Hoje é quase um palavrão. As decisões que têm importância são aquelas que resultam da sua experiência pessoal, do seu mérito na vida e i de quem não concorde.

    Assim o Brasil segue em frente, ou melhor, pra trás. Enquanto o mundo começa a perceber que o número de mortes pela Covid diminui por conta dos esquemas rígidos de controle e vacinação o Brasil, ao contrário, contabiliza um aumento e manutenção dos mortos pela pandemia e finge dar importância à vacinação. Exige documentos dos laboratórios, comprovações, fases, que o resto do mundo já cumpriu e que hoje começa a relaxar diante dos resultados. Mas o Brasil insiste. 

    Na Europa, apesar da vacinação avançada, o controle permanece. Em Portugal quem for pego na rua sem máscara paga uma multa de 200 euros. Nos finais de semana você só pode sair à rua com algum motivo determinado e comprovado ou para fazer atividade física. Os restaurantes estão fechados, o deslocamento entre municípios controlado e por aí vai. 

    Tudo bem, é um país pequeno, mas temos, além de Portugal, a Nova Zelândia, a Alemanha, a Rússia, a China e muitos outros países que estão se comportando de modo científico e eficiente. Além disso, tamanho de país nunca foi desculpa para a ineficiência da vacinação. O Brasil, até este governo, sempre foi exemplo mundial de campanhas de vacinação. Havia um programa, uma campanha de comunicação e uma estrutura a serviço da vacinação. Sempre foi assim por aqui e o tamanho do país e da população eram mais um desafio a ser vencido com orgulho desse sistema. 

    Agora permanece só a lembrança e a sombra de um governo que joga contra intencionalmente, por conta do negócio da cloroquina e por ser exercer a necropolítica como projeto.

    O mundo vai conseguir vencer a batalha contra a pandemia enquanto estaremos aqui tendo que aguentar o presidente aglomerando, debochando, ridicularizando todas as medidas de combate ao vírus e falando para uma bolha que permanece intacta, apesar da mãe do presidente se vacinar com a Coronavac. E os mortos vão se amontoando na nossa vida como números determinantes de um futuro trágico. 

    “Mas tiramos o PT” e isso é o que importa para eles, esses bandidos desmascarados pela História, literalmente.

    (Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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