Dez motivos para Bolsonaro não ser chamado de presidente
"Ah, mas ele foi eleito, dirão muitos. É verdade, mas sabemos como e com que métodos. Mas isso é outra discussão. O meu ponto parece devaneio, mas não é. Tem a ver com a força das palavras e sua carga simbólica", defende o jornalista Bepe Damasco
Por Bepe Damasco
Sabemos que da mídia cartelizada não podemos esperar gestos ousados e pautados por um mínimo de coragem no enfrentamento a Bolsonaro. Tomemos como exemplo suas seguidas ofensas aos jornalistas proferidas principalmente no “chiqueirinho” em frente ao Palácio Alvorada.
Bastaria que os veículos de comunicação deixassem de escalar seus profissionais para a cobertura daquela palhaçada diária, para que o palanque desmoronasse. Contudo, não há razão para que os setores democráticos da sociedade insistam em chamar Bolsonaro de presidente da República.
Ah, mas ele foi eleito, dirão muitos. É verdade, mas sabemos como e com que métodos. Mas isso é outra discussão. O meu ponto parece devaneio, mas não é. Tem a ver com a força das palavras e sua carga simbólica.
Sem muito esforço mental, listei dez motivos pelos quais Bolsonaro não merece o tratamento reverencial próprio para os que exercem a mais alta magistratura do país:
1) Sua passagem pela presidência da República é uma ofensa permanente à dignidade do cargo, seja do ponto de vista ético, moral, democrático, republicano, civilizatório ou mesmo cognitivo.
2) Bolsonaro se comporta e se expressa como um não humano, um sujeito da pior extração desprovido do mínimo de retidão de caráter, e não como chefe de Estado e de governo.
3) Ele não demonstra qualquer traço de empatia e solidariedade com a dor alheia. A doença de tantos milhões de pessoas e a morte de 480 mil compatriotas são objetos de deboche e escárnio.
4) Sua perversidade é reforçada por uma constatação terrível e indigna para um governante: Bolsonaro nunca visitou um hospital, nem que fosse para somente segurar a mão dos familiares de pacientes da pandemia assassina.
5) Bolsonaro é agente da morte, e não promotor da vida como deve caber ao mandatário mais poderoso da República. Por isso, age dia e noite para sabotar a ciência militando contra o isolamento social e o uso de máscaras.
6) Essa necropolítica, que visa o extermínio de um número cada vez maior de pessoas para alcançar a tal imunidade de rebanho, ganha contornos ainda mais lúgubres quando ele vira garoto propaganda de medicamentos não só ineficazes para combater a covid-19, mas comprovadamente nocivos às pessoas portadoras de coronavírus.
7) Um presidente da República que faça jus a este tratamento cumpre o juramento de respeitar a separação de poderes, a Constituição e promover o bem comum. Bolsonaro ameaça dia e noite instituições perenes do sistema democrático, como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, além de não esconder de ninguém suas intenções totalitárias e golpistas.
8) Merece a pompa do cargo quem é inimigo das artes e dos artistas? Quem ataca diuturnamente os direitos das mulheres, dos negros, da comunidade LGBTQ, dos indígenas e dos quilombolas? Sua aversão aos direitos humanos mais comezinhos, exacerbada pela apologia que faz da tortura e da eliminação de adversários políticos, mostra que devia estar sentado no banco dos réus do Tribunal de Haia.
9) Numa quadra especialmente dramática para o destino da humanidade devido ao aquecimento global, a política ambiental de Bolsonaro tem como base a destruição dos biomas nacionais. Por isso, o desmatamento vem batendo todos os recordes. Madeireiros e garimpeiros criminosos fazem a festa incentivados por Bolsonaro.
10) Além de cobrir a nação de vergonha quando abre a boca em compromissos internacionais, Bolsonaro organiza e participa de toda sorte de micareta, faz viagens caras e inúteis em profusão, com a que serviu para inaugurar uma ponte de madeira com 400 metros de extensão ou para passear de moto junto com milicianos e idiotas. Mas, só não vê quem não quer, ele recebe do erário sem trabalhar, afinal, quantas horas do dia Bolsonaro dedica ao batente?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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