E o que esperar desse dia 30, afinal?
Se esse ato deste dia 30 for um fiasco – ou algo que não seja no mínimo arrebatador – e levar não só menos gente do que no dia 15, como menos do que os camisetas amarelas de domingo, não poderá passar a impressão errada na hora errada? De que a revolta não é tão grande assim, de que a impopularidade do mito é coisa de bunda de vaga-lume e de que existe mesmo respaldo para que ele siga afundando o país com seu desgoverno e sua sacrossanta reforma da previdência?
O que será essa segunda manifestação operária-estudantil e para que serve? Não será o estopim de uma revolução – seria sonhar demais- mas tampouco poderiam a essa altura mostrar um saturamento dos movimentos de rua, que deveriam, diante da gravidade do momento – o desemprego galopante, a economia em frangalhos, a venda do patrimônio nacional, as graves ameaças aos direitos civis -, se tornar mais intensos e não mais brandos. Há um limite para se arregimentar forças populares, porém – e a história recente tem mostrado que não anda fácil reunir multidões. Mesmo em torno das melhores causas. As datas próximas entre esses dois atos esgarçou esse limite. Espero que não tenha sido um tremendo erro de avaliação de quem está à frente dessa organização. Quero confiar que sabem o que fazem. No momento em que Jair Bolsonaro deixa claro que tudo pra ele se resume a medir forças e que para ele a eleição não terminou, o evento deste 30 de maio – 15 dias depois dos bem-sucedidos atos que levaram às ruas pelo menos dois milhões de pessoas em todos os estados e centenas de cidades do país – vai ter que ser no mínimo tão numeroso quanto o anterior. E especialmente não pode ficar devendo à micareta fascista do último domingo, 26, quando foi a vez dos minionsfantasiados de verde de amarelas, com suas faixas defendendo fechamento do Congresso, ditadura tortura, golpe militar, uma classe média de direita tão execrável que assustou oportunistas como os moleques do MBL e boa parte da tosca da banda do PSL, que virou poder, virou vidraça, virou alvo – afinal, o Congresso está sendo vendido, na estratégia de marketing do Planalto, como os párias que resistem ao projeto ao infinito e além de “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e nossos flancos embaixo da chibata.
Tive essa noite, e divido com vocês, esse medo repentino. E se não encher? E se tiver muita gente, mas “não o suficiente” para não ser escondido? Até porque com a ciclotimia da mídia em atacar-proteger o governo – a cobertura do encontro dos chefes de poderes, algo risível e sem futuro, como se fosse algo para ser levado a sério, foi uma prova disso -, e como tudo o que vale é a versão, muita coisa vai depender dos telejornais, das imagens áreas da TV Globo e das estatísticas fraudadas das PMs sobre “numero de manifestantes”. Se esse ato deste dia 30 for um fiasco – ou algo que não seja no mínimo arrebatador – e levar não só menos gente do que no dia 15, como menos do que os camisetas amarelas de domingo, não poderá passar a impressão errada na hora errada? De que a revolta não é tão grande assim, de que a impopularidade do mito é coisa de bunda de vaga-lume e de que existe mesmo respaldo para que ele siga afundando o país com seu desgoverno e sua sacrossanta reforma da previdência?
A confirmar.
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